Bananas Terroristas Terceirizadas

Circulam na imprensa, com certa regularidade, declarações supostamente advindas de “fontes militares” de que as FFAA não apoiarão um golpe convocado pelo Bozo. Mas é difícil dar credibilidade a estas informações.

É difícil crer na honestidade da recente manifestação do General Villas Boas, arquiteto da ação militar no impeachment da Dilma, na prisão de Lula e na articulação para fazer o Bozo presidente. Historicamente, no dialeto da caserna, “golpe militar” na prática é traduzido como “compromisso com a democracia” e “respeito à legalidade”. Desde a queda do Império é assim.

A insistência dos militares em interferir no processo eleitoral – em particular no que diz respeito às urnas eletrônicas –  já ultrapassou todos os limites do bom senso. São inúmeros questionamentos sem fundamentos e propostas de “aperfeiçoamento” desprovidas de razoabilidade.

Por que tanta insistência em tutelar o processo eleitoral? Existem algumas hipóteses que têm sido consideradas. A primeira delas é o desejo dos militares de avançar cada vez mais no terreno do poder civil. Com esta intromissão, também querem passar um recado: não estão dispostos a retroceder no espaço conquistado durante o governo de seu cavalo de tróia (o Bozo). Na verdade, é um projeto do que já chamam de “Partido Fardado”, que tem a ambição de impor a visão de mundo da caserna até 2030, conforme o patético plano de ação amplamente divulgado.

Sim, os fardados das repúblicas bananeiras se acham o “ó do borogodó”. Nem se dão conta da vergonha que passamos no plano internacional por conta dos delírios deles.

A segunda hipótese é a mais preocupante: ao disseminar uma falta de confiança nas urnas eletrônicas, sinalizam que não pretendem aceitar os resultados das urnas, caso não sejam favoráveis aos seus projetos. E este é o maior perigo.

Conforme a opinião dominante dos cientistas políticos, as quarteladas não são mais viáveis no mundo de hoje. Mas isso não significa que a milicada bananeira não tenha táticas e estratégias para viabilizar os seus projetos. Com sólida formação teórica na arte da guerra, sabem formular bem planos ofensivos e defensivos e fazer a leitura de cenários de combate.

Vamos então a uma das teorias conspiratórias que circulam por aí.

Muito já se falou da postura displicente dos militares com a liberação de armas com alto poder de fogo para a população civil, inclusive com desregulamentações que dificultam o rastreamento do uso de armas e munições. Nenhuma força armada do mundo estimula este tipo de política. Significa enfraquecer uma de suas principais prerrogativas, que é o uso da violência legítima do Estado.

Porém, o que é uma aparente negligência, pode ser apenas parte de um projeto.

O golpismo é parte do DNA das FFAA brasileiras desde a Proclamação da República. Sempre recorrem a ele quando se sentem ameaçados pela perda do poder ou de seus privilégios, travestidos de um cínico furor patriótico. E tivemos no Brasil dois momentos em que, por obra do acaso, os militares não perpretaram atentados terroristas contra a população brasileira. Falamos do caso PARA-SAR e do atentado frustrado ao RIOCENTRO, já comentados neste blog.

Mas o que eles podem fazer agora, já que não existe mais espaço para quarteladas? A resposta é a terceirização do terror. Deixar que os Clubes de Tiro e Caça, milicianos e alucinados em geral façam o trabalho sujo.  A tão falada “invasão do Capitólio” tupiniquim poderá dar o pretexto que os militares bananeiros tanto querem, de retomar o poder em nome da ordem pública.

Por isso permitiram que os monstros fossem fartamente alimentados com munição e armamento pesado, muito além do necessário para uma suposta “defesa pessoal”.

Os militares investiram de forma pesada em equipamentos de última geração para a guerra cibernética. Tais tecnologias estão sendo usadas não contra os inimigos externos – que nosso país não tem – mas contra o “inimigo interno” desta casta bananeira.

Eles já sabem muito bem do que se passa no submundo miliciano. Monitoram bem de perto. E vão usar isso não para proteger a cidadania, mas para apresentarem-se como os salvadores da pátria, como uma reserva moral da sociedade num momentos de crise. Cambada de hipócritas.

Nas próximas semanas poderemos ter um “incêndio do Reichstag” 4.0. A conferir. O fascismo bananeiro é capaz de tudo. Só nos resta torcer para que, mais uma vez, a bomba exploda no colo deles.

BANANAS AGEM NAS SOMBRAS

A tática dos golpistas de dissimulação de seus planos e intenções prossegue a todo vapor. A grande imprensa, de maneira cúmplice ou não, segue o script. Diante dos “consensos fabricados”, é preciso fazer o papel de advogado do diabo, mesmo que isto pareça mera teoria conspiratória.

Nas últimas semanas tivemos alguns atos que foram saudados com uma reação contundente aos golpistas. A leitura da Carta pela Democracia, a posse e o discurso do novo presidente do TSE e a busca e apreensão na casa de empresários que alimentam a ideia de golpe no whatszap.

A mídia, em uníssono, vem noticiando estes eventos como duros recados ao Bozo e uma demonstração do isolamento crescente dos golpistas. A falácia de que “as instituições estão funcionando” ganhou novo fôlego. O custo do golpe aumentou muito, afirmaram uns e outros. O projeto de um 7 de setembro golpista estaria esvaziado.

Mas o que interessa neste cenário é observar o comportamento do grupo que é o “x” da questão numa república bananeira: os militares. Porque em paralelo a tudo isso, prossegue o cabo de guerra dos milicos com o TSE. Após uma sugestão esdrúxula de filmagem da cabine devotação (!!!), a milicada veio com novas exigências e a indicação de mais militares para analisar o código-fonte das urnas eletrônicas.

São citados rumores de que, para selar a paz, os militares exigem que algumas de suas sugestões sejam contempladas. Ou seja, oferecem a paz em troca de um cavalo de tróia. Porque o objetivo deles é, desde o início, desacreditar as urnas e abrir o flanco para contestação dos resultados das eleições.

Um pouco fora do script, tivemos as notícias dos supersalários dos militares, com uma cobertura moderada. Nenhum jornalista do mainstream ousou insinuar que farra dos supersalários é a grande motivação da caserna para um golpe “patriótico”. Carregada de eufemismo, em outra matéria recente “especialistas” dizem que os militares não aceitarão retrocessos no espaço conquistado. Querem mesmo é fincar o coturno da tutela do poder civil de forma permanente.

Surpreendentemente, os militares cancelaram pela primeira vez na história o tradicional desfile militar, e justo na data altamente simbólica do bicentenário da Independência. Não querem ser usados numa manifestação que ataca as instituições democráticas, não querem a pecha de golpistas (que são!). O que eles querem mesmo é posar de guardiões da democracia, intervindo para colocar ordem num caos por eles fomentado.

Já dizem que não há risco de golpe no 7 de setembro, mas que é preciso tomar cuidado com atentados dos “lobos solitários”, um perigo detectado pela “inteligência militar”. A velha tática do “incêndio do Reichstag”.  Não satisfeitos com os fracassos do caso Para-Sar e do Riocentro, parece que cogitam repetir esta mesma via criminosa, agora de forma terceirizada para milicianos, CACs ou outro tipo de tresloucados.

Porém, como toda ação movida por táticas de dissimulação, sempre fica uma ponta de fio desencapado. Em paralelo à defesa dos empresários do grupo de whatszap golpista, que estariam sendo vítimas de uma inadmissível invasão de privacidade, uma agressão à liberdade de expressão, um oficial da reserva afirmou: nos grupos da alta oficialidade falam coisas muito piores, e com efeitos práticos desde 2015!

Ora, a ação policial contra os empresários não é pelas ideias que propagam, mas pela suspeita de que financiam os atos antidemocráticos que visam um golpe. O mesmo que fazem altos oficiais bolsonaristas nas sombras. E os tais “efeitos práticos” destes bem conhecemos: a prisão do Lula, o impedimento da Dilma, a eleição do Bolsonaro e a ocupação massiva do Poder Executivo pelos fardados.

Os militares bananeiros são limitados intelectualmente, é certo. Mamas não são burros. Principalmente quando se trata de defender, com unhas e dentes (e golpes!), seus pornográficos privilégios. Montaram um sofisticado QG de guerra cibernética, com equipamentos de tecnologias de ponta, só pra isso.

Quem quiser que se engane. Vem bomba – talvez literalmente – por aí.

PS: Os que desafinam das interpretações majoritárias são raros. Tem até que pedir desculpas antes de apresentar argumentos. O historiador Eduardo Borges trouxe alguns dados muito relevantes, num artigo em que nos pede um olhar mais realista, . Destaca que apenas 18 dos 131 sindicatos filiados à FIESP, assinaram a tal carta pela democracia. Nem a FIRJAN, nem a CIESP, nem a OAB assinaram, apenas para ficar em alguns exemplos mais relevantes. O ex-ministro do STF Marco Aurélio Mello assinou, porém declarou voto no Bozo no segundo turno. Historicamente as nossas elites sempre aderiram ao golpe, desde a Proclamação da República. Fonte: JORNAL GGN

Bananas históricas

Da aprazível cidade de Aracati-CE, vem uma importante lição de História. Esta cidade costeira do Ceará é mais conhecida pela sua paradisíaca praia turística (Canoa Quebrada). Porém foi palco de alguns eventos bem simbólicos.

Foi lá que, em 1881, o jangadeiro e abolicionista Francisco José do Nascimento (ou Chico da Matilde) liderou um boicote ao transporte de escravos para os navios que os levariam para o Rio de Janeiro, onde seriam revendidos. Pela sua bravura neste episódio, passaria a história com o título de “Dragão do Mar”, o “Jangadeiro Nascimento”.

Após a Abolição, a jangada do Chico, batizada com o nome de “Liberdade”, foi trazida para o Rio de Janeiro. A princípio, seria exposta no Museu Nacional como uma peça histórica. Mas deram a infeliz ideia de levá-la para o Museu da Marinha. Desde então, o destino da embarcação é ignorado.

Entregar o destino da “liberdade” aos militares foi um imenso equívoco. Anos antes, em 1869, um jovem jornalista da mesma Aracati já tinha feito um alerta. O abolicionista e republicano Júlio Cesar Fonseca Filho publicou em seu jornal: “-Façamos a República! Fora o rei! Cuidado com o Exército: onde ele predomina, a liberdade é uma mentira”. (ver Nota final).

Dito e feito: militares monarquistas deram um golpe “republicano” que traiu os ideais da república.

Até hoje o Brasil não aprendeu a lição deixada por aqueles cidadãos de Aracati.

Benjamin Constant, mentor e ideólogo do movimento republicano, disse certa vez, de forma profética, que era preciso tomar cuidado com a ignorância no seio do Exército: ela seria uma espada de dois gumes, uma delas pronta para ferir o próprio povo.

Nesta nossa infeliz república bananeira, parece que pouca coisa mudou desde então. As FFAA dirigem suas armas para o “inimigo interno”, ou seja, concidadãos que não se submetem à sua pretensa superioridade moral.

Nota 1: O jornal era o “Barrete Phrygio” (nome do gorro vermelho que se tornou símbolo dos revolucionários franceses). Impresso em papel vermelho, é considerado o primeiro jornal republicano do Brasil. Teve a sua primeira e única edição apreendida e destruída, e o jornalista teve que fugir e se esconder, para não ser preso e levado à força ao front da Guerra do Paraguai.

 

 

Ilusões da República Bananeira

A intelligentsia das repúblicas bananeiras tem grandes esperanças de libertar o seu país de um destino trágico num curto prazo. Talvez por isso alimente algumas ilusões sobre a realidade em que vivem. Por vezes acreditam que parte das elites são nacionalistas, “republicanas” e tem um projeto de nação. Acreditam que existem militares legalistas, que o país pode ter um desenvolvimento soberano e democrático e ser bem aceito pelos países hegemônicos como um forte protagonista no cenário mundial.
No Brasil, embora exista um sociólogo que chamou a atenção para este fato (Jessé de Souza, em “A tolice da inteligência brasileira”), ele não foi levado muito a sério.  A vaidade presente em sua argumentação se chocou com a vaidade do meio acadêmico. Na guerra de egos, uma boa  provocação caiu no limbo.
Parece que a máxima de uma poesia do compositor Aldir Blanc não se confirma: “o tempo vence toda a ilusão” (em Agnus Sei, parceria com João Bosco).
Na maior república bananeira do planeta, a ilusão continua vencendo, e de goleada.
Talvez por isso, quando se fala de um golpe no Brasil, três argumentos que subestimam essa possibilidade são frequentes:
1) as FFAA não entrariam numa aventura;
2) o bozo já não é mais funcional para a elite econômica;
3) Não haveria apoio internacional (leia-se EUA, a quem os milicos brasileiros lambem as botas).
Obs: não citamos aqui o clássico argumento “as instituições estão funcionando”, por ser óbvio o quanto ele é ridículo.
Comecemos por desmontar o último argumento.
Os EUA, com os democratas no poder, não tem interesse na permanência do atual presidente, um sabujo trumpista, o que é uma verdade. Porém isto é só metade da história. A permanência de um ogro no poder é bem conveniente para os interesses geopolíticos e econômicos dos EUA.
O BRICS permanecerá em banho-maria e a manutenção da nossa matriz energética em mãos privadas estará assegurada. O ataque ao meio-ambiente daria aos democratas a chance de continuar com suas condenações retóricas e posar de bom moço para o público interno e externo.
Ora, quanto aliados bizarros o Tio Sam não apoiou ao longo da história?
Se quisessem pôr um fim a este personagem repulsivo que ocupa a presidência, certamente o fariam. A NSA tem material de sobra pra isso (o caso do assassinato da Marielle seria só um exemplo). Se a oposição fosse a tal “terceira via” sonhada pela elite brasileira, o dito cujo já teria sido destroçado.
O fato é que um golpe aqui seria duramente condenado, mas seria funcional para os EUA. O jogo político seria reconfigurado e poderiam surgir alternativas, dependendo do desenlace do putsch.
A resistência da elite econômica ao bozo deve ser lida com muitas reservas. Nos últimos quatro anos empresários, agroexportadores e farialimers aplaudiam efusivamente o presidente nos eventos em que ele participava. Afinal de contas, as reivindicações destas classes foram em grande parte contempladas. O SUS só não foi desmontado por conta da pandemia. No restante, a privatização dos serviços públicos está em pleno andamento.
Nossas elites recuam pensando muito mais na sua imagem perante as elites globais. Se incomodam com o fato de serem vistas como o que são: uma elite colonial caricata. Claro que tem também o cálculo econômico, no risco que poderia trazer para os seus lucros astronômicos. Nestes últimos anos muita coisa sumiu da pauta econômica dos colonistas (termo criado pelo saudoso jornalista Paulo Henrique Amorim). Responsabilidade Fiscal e Risco Brasil, que era o foco de todos os dias, viraram apenas observações um tanto incômodas. Os lucros da elite pouco foram afetados
Deixamos a parte grotesca para o final: o que pensam os militares. No caso, os da ativa, que possuem o comando das tropas. Reza a lenda que militares da ativa não podem se manifestar politicamente. Porém, em tempos de redes sociais, este pensamento fica difícil de ser ocultado. E o que isto revela é que os militares da ativa pensam exatamente igual aos da reserva, que se manifestam sem pudores nas publicações dos clubes militares. Não chega a surpreender, pois todos foram doutrinados pela mesma escola, a mesma formatação foi aplicada ao cérebro de toda a oficialidade.
A insistência em desacreditar as urnas eletrônicas chega a ser impressionante. O discurso hipócrita de “contribuir para aperfeiçoar o sistema” já caiu por terra . É uma clara ação de sabotagem. No caso de uma provável derrota eleitoral desta casta, as portas estariam abertas para o caos de fanáticos e milicianos, hoje fortemente armados pela complacência deliberada das FFAA.
Com o improvável sucesso do “Plano A”, ganhar as eleições dentro das regras, só resta tumultuar e provocar uma virada de mesa. É exatamente isto que está em gestação. Nenhuma carta com milhões de assinaturas vai impedir isto, por mais louvável que seja a iniciativa.
A recusa veemente dos militares em se juntarem ao ato do 7 de setembro é somente para não comprometer a imagem de “isenção” quando tiverem que conter a sedição dos fanáticos e milicianos (incitados e armados pela omissão deliberada dos militares). Afinal, eles estão do mesmo lado. Uns com farda, outro sem.
Talvez este blogueiro esteja delirando. Citando outro verso do compositor Aldir Blanc, “não tenho o vício da ilusão/hoje eu vejo as coisas como são” (Vitória da Ilusão, em parceria com Moacyr Luz).
PS: Muitos leitores poderão achar que este blog está semeando “teorias da conspiração” que em nada ajudam ao processo democrático. É uma questão de perspectiva. Teoria conspiratória seria afirmar que os milicos planejam uma operação Jacarta: um golpe que deixa o trabalho sujo para as milícias. Para saber o que seria isso, sugiro o premiado documentário “O Ato de Matar”, de Joshua Oppenheimer, legendado no youtube. O golpe na Indonésia em 1965 é o sonho dourado do celerado que acha que a ditadura militar deveria ter “eliminado  uns 30 mil”. Na Indonésia foram 500 mil. Se uma barbárie dessa dimensão é algo impensável nos dias de hoje, isto não impede uma versão clean, um método “Jacarta 4.0”. A conferir.

BANANAS TERRORISTAS: UM ALERTA

Em continuidade a publicação anterior: percebemos que o jogo de dissimulação dos militares golpistas (perdão pelo pleonasmo) continua: Um militar reformado condena a realização de ato político no dia do bicentenário da independência; um comandante da ativa volta a  pedir ao TSE o acesso ao código fonte da urna eletrônica que já possuem; avança no Congresso Projeto de Lei que esvazia poder dosGovernadores sobre ocomando das Polícias Estaduais; o serviço de inteligência do governo “vaza” que há risco de atentados terroristas no 7 de setembro, cuja convocação nas redes sociais se dá com a imagem de uma granada  e mm pedido para o “capitão” soltar o pino…O golpe dos generais da maior república bananeira do mundo segue a todo vapor. A grande imprensa finge que não é sério…

O PERIGO DO TERROR MILITAR

Em 1968, a ditadura militar brasileira estava sob forte pressão. Várias manifestações pediam a devolução do poder para os civis e a volta da democracia. Num único dia, 21 de junho, a sexta-feira  sangrenta, 28 manifestantes foram mortos pela repressão.

Em reação à crescente mobilização popular, militares montaram uma operação para realizar atos terroristas. O plano incluía explodir bombas em lojas, bancos e embaixadas para, num ato final, explodir o Gasômetro do Rio de Janeiro e a represa de Ribeirão da Lajes. Seriam milhares de mortos.

O plano era colocar a culpa na oposição. As principais lideranças seriam presas e assassinadas.

Este crime macabro só não foi colocado em prática graças a resistência do Capitão da Aeronáutica Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho (conhecido como Sérgio “Macaco”). Ele se rebelou e impediu este atentado bárbaro.

Nenhum militar foi punido. Somente o heróico capitão, que foi cassado e expulso das forças armadas.

Frustrado o plano terrorista dos militares, logo a seguir foi decretado o Ato Institucional No. 5, que deu poder para que os militares pudessem prender, torturar, cassar e exilar milhares de brasileiros nos anos seguintes.

Em 1981 a história se repetiu.  A sociedade brasileira exigia a volta da democracia mas muitos militares não queriam que o poder voltasse para os civis.

Mais uma vez planejaram uma escalada terrorista para colocar a culpa na oposição. Explodiram bombas em bancas de jornal, na Câmara de Vereadores e na Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro.

O ato final dos militares terroristas seria o atentado no Riocentro, onde vários artistas e mais de vinte mil jovens estavam em um show pela volta da democracia. O plano falhou porque uma das bombas explodiu no carro onde estavam os militares que iriam lançar os explosivos no público. Um sargento morreu na hora e um capitão ficou gravemente ferido.

Os militares abafaram e arquivaram o caso. O sargento foi enterrado com honras de herói e o capitão terrorista se aposentou como coronel.

Em 1986 um outro oficial, um tenente insatisfeito com os salários da carreira militar, planejou explodir bombas em quartéis e na adutora do Guandu. Em vez de ser punido com a prisão e a expulsão do Exército, foi reformado com a patente de capitão. Ele entrou para a política e fez carreira como Deputado.

Em 2018 os militares decidiram apoiá-lo  na eleição para a Presidência da República. Vitoriosos, ocuparam mais de seis mil cargos civis no governo, algo inédito na história do Brasil. No Ministério da Saúde foram os responsáveis pela gestão desastrosa durante a epidemia de Covid 19,  que tirou a vida de milhares de brasileiros.

Agora teremos novas eleições. Para tumultuar o processo democrático,as Forças Armadas  lançam dúvidas sobre as urnas eletrônicas.

Será que os militares, confiantes na impunidade para os seus crimes,  planejam recorrer mais uma vez ao terrorismo?  Para preservar os seus privilégios às custas do sofrimento do povo brasileiro serão capazes de sacrificar vidas inocentes?

O celerado que preside o país, programou para a comemoração do bicentanario da independência, um ato político com intenção golpista. Espera-se que, no dia 7 de setembro próximo, ocorra uma grande manifestação que descambe para a violência aberta. Não é um temor desprovido de razão.

O terror de direita, que já havia atuado em períodos anteriores à ditadura, voltou a agir a partir de janeiro de 1980, coincidindo com o retorno dos anistiados à atividade política. Como aconteceu em 1968, com os ataques do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), e em 1976, com a Aliança Anticomunista Brasileira (AAB), os atentados deste período ficariam impunes. Abaixo, uma lista dos ataques da “direita explosiva” em 1980 e 1981.

1980

  • 18/01 – desativada bomba no Hotel Everest, no Rio, onde estava hospedado Leonel Brizola.
    ·  27/01 – bomba explode na quadra da Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, no Rio, durante comício do PMDB.
    ·  26/04 – bomba explode em uma loja do Rio que vendia ingressos para o show de 1º de Maio.
    ·  30/04 – em Brasília, Rio, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Belém e São Paulo, bancas de jornal começam a ser atacadas, numa ação que durou até setembro.
    ·  23/05 – bomba destrói a redação do jornal “Em Tempo”, em Belo Horizonte.
    ·  29/05 – bomba explode na sede da Convergência Socialista, no Rio de Janeiro.
    ·  30/05 – explodem duas bombas na sede do jornal “Hora do Povo”, no Rio de Janeiro.
    ·  27/06 – bomba explode na sede do Sindicato dos Jornalistas, em Belo Horizonte.
    ·  11/08 – bomba é encontrada em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, num local conhecido por Chororó. Em São Paulo, é localizada uma bomba no Tuca, horas antes da realização de um ato público.
    · 12/08 – bomba fere a estudante Rosane Mendes e mais dez estudantes na cantina do Colégio Social da Bahia, em Salvador.
    ·  27/08 – explodem três cartas-bombas no Rio: na OAB, matando a secretária da presidência, Lyda Monteiro; no gabinete de um vereador do PMDB e na redação do jornal “Tribuna da Luta Operária”.
    ·  04/09 – desarmada bomba no largo da Lapa, no Rio.
    ·  08/09 – explode bomba-relógio na garagem do prédio do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, em Viamão.
    ·  12/09 – duas bombas explodem em São Paulo: uma fere duas pessoas em um bar no bairro de Pinheiros e a outra danifica automóveis no pátio da 2ª Cia. de Policiamento de Trânsito no Tucuruvi.
    ·  14/09 – bomba explode no prédio da Receita Federal em Niterói (RJ).
    ·  14/11 – três bombas explodem em dois supermercados do Rio.
    ·  18/11 – bomba explode e danifica a Livraria Jinkings, do ex-deputado e dirigente comunista Raimundo Jinkings, em Belém.
    ·   08/12 – bomba incendiária destrói o carro do filho do ex-deputado Raimundo Jinkings, em Belém.

1981

  •  05/01 – outro atentado a bomba em supermercado do Rio.
    ·  07/01 – bomba explode em ônibus a serviço da Petrobras na Cidade Universitária, no Rio.
    ·  16/01 – bomba danifica relógio público instalado no Humaitá, no Rio.
    ·  02/02 – bomba colocada no aeroporto de Brasília é encontrada antes de explodir.
    · 26/03 – atentado às oficinas do jornal “Tribuna da Imprensa”, no Rio.
    · 31/03 – bomba explode no posto do antigo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), em Niterói (RJ).
    ·  02/04 – atentado a bomba na residência do deputado Marcelo Cerqueira, no Rio.
    ·  03/04 – explosão de uma bomba destrói parcialmente a Gráfica Americana, no Rio.
    ·  28/04 – grupo Falange Pátria Nova destrói, com bombas, bancas de jornais de Belém.
    ·  30/04 – explosão mata um agente do DOI-Codi e fere outro, no momento em que preparavam atentado contra 20 mil pessoal no show de 1° de Maio no Riocentro.
  • FONTE: http://memorialdademocracia.com.br/card/direita-explosiva-faz-ataques-em-serie#card-215