BANANAS AGEM NAS SOMBRAS

A tática dos golpistas de dissimulação de seus planos e intenções prossegue a todo vapor. A grande imprensa, de maneira cúmplice ou não, segue o script. Diante dos “consensos fabricados”, é preciso fazer o papel de advogado do diabo, mesmo que isto pareça mera teoria conspiratória.

Nas últimas semanas tivemos alguns atos que foram saudados com uma reação contundente aos golpistas. A leitura da Carta pela Democracia, a posse e o discurso do novo presidente do TSE e a busca e apreensão na casa de empresários que alimentam a ideia de golpe no whatszap.

A mídia, em uníssono, vem noticiando estes eventos como duros recados ao Bozo e uma demonstração do isolamento crescente dos golpistas. A falácia de que “as instituições estão funcionando” ganhou novo fôlego. O custo do golpe aumentou muito, afirmaram uns e outros. O projeto de um 7 de setembro golpista estaria esvaziado.

Mas o que interessa neste cenário é observar o comportamento do grupo que é o “x” da questão numa república bananeira: os militares. Porque em paralelo a tudo isso, prossegue o cabo de guerra dos milicos com o TSE. Após uma sugestão esdrúxula de filmagem da cabine devotação (!!!), a milicada veio com novas exigências e a indicação de mais militares para analisar o código-fonte das urnas eletrônicas.

São citados rumores de que, para selar a paz, os militares exigem que algumas de suas sugestões sejam contempladas. Ou seja, oferecem a paz em troca de um cavalo de tróia. Porque o objetivo deles é, desde o início, desacreditar as urnas e abrir o flanco para contestação dos resultados das eleições.

Um pouco fora do script, tivemos as notícias dos supersalários dos militares, com uma cobertura moderada. Nenhum jornalista do mainstream ousou insinuar que farra dos supersalários é a grande motivação da caserna para um golpe “patriótico”. Carregada de eufemismo, em outra matéria recente “especialistas” dizem que os militares não aceitarão retrocessos no espaço conquistado. Querem mesmo é fincar o coturno da tutela do poder civil de forma permanente.

Surpreendentemente, os militares cancelaram pela primeira vez na história o tradicional desfile militar, e justo na data altamente simbólica do bicentenário da Independência. Não querem ser usados numa manifestação que ataca as instituições democráticas, não querem a pecha de golpistas (que são!). O que eles querem mesmo é posar de guardiões da democracia, intervindo para colocar ordem num caos por eles fomentado.

Já dizem que não há risco de golpe no 7 de setembro, mas que é preciso tomar cuidado com atentados dos “lobos solitários”, um perigo detectado pela “inteligência militar”. A velha tática do “incêndio do Reichstag”.  Não satisfeitos com os fracassos do caso Para-Sar e do Riocentro, parece que cogitam repetir esta mesma via criminosa, agora de forma terceirizada para milicianos, CACs ou outro tipo de tresloucados.

Porém, como toda ação movida por táticas de dissimulação, sempre fica uma ponta de fio desencapado. Em paralelo à defesa dos empresários do grupo de whatszap golpista, que estariam sendo vítimas de uma inadmissível invasão de privacidade, uma agressão à liberdade de expressão, um oficial da reserva afirmou: nos grupos da alta oficialidade falam coisas muito piores, e com efeitos práticos desde 2015!

Ora, a ação policial contra os empresários não é pelas ideias que propagam, mas pela suspeita de que financiam os atos antidemocráticos que visam um golpe. O mesmo que fazem altos oficiais bolsonaristas nas sombras. E os tais “efeitos práticos” destes bem conhecemos: a prisão do Lula, o impedimento da Dilma, a eleição do Bolsonaro e a ocupação massiva do Poder Executivo pelos fardados.

Os militares bananeiros são limitados intelectualmente, é certo. Mamas não são burros. Principalmente quando se trata de defender, com unhas e dentes (e golpes!), seus pornográficos privilégios. Montaram um sofisticado QG de guerra cibernética, com equipamentos de tecnologias de ponta, só pra isso.

Quem quiser que se engane. Vem bomba – talvez literalmente – por aí.

PS: Os que desafinam das interpretações majoritárias são raros. Tem até que pedir desculpas antes de apresentar argumentos. O historiador Eduardo Borges trouxe alguns dados muito relevantes, num artigo em que nos pede um olhar mais realista, . Destaca que apenas 18 dos 131 sindicatos filiados à FIESP, assinaram a tal carta pela democracia. Nem a FIRJAN, nem a CIESP, nem a OAB assinaram, apenas para ficar em alguns exemplos mais relevantes. O ex-ministro do STF Marco Aurélio Mello assinou, porém declarou voto no Bozo no segundo turno. Historicamente as nossas elites sempre aderiram ao golpe, desde a Proclamação da República. Fonte: JORNAL GGN