BANANA REPUBLIC DAY

Nova efeméride pátria: 8 de Janeiro, Dia da Maior República das Bananas do Planeta! Parabéns as nossas gloriosas FFAA por ter nos proporcionado este dia!

Não foi por falta de aviso. Não foram poucos os que alertaram que, em algum momento, teríamos a “invasão do capitólio” versão brazuca. Mas deixaram o absurdo acontecer.

A tática também era sabida. Cientes de que uma quartelada tradicional teria um amplo repúdio da comunidade internacional, uma empreitada destinada ao fracasso, estimularam de forma calhorda e criminosa que lunáticos de toda espécie provocassem um caos. As FFAA aguardaram ansiosamente pelo chamado para “restaurar a lei e a ordem”.

Talvez planejassem se somar aos lunáticos e dar o golpe, se houvesse uma grande mobilização pelo país. Porém o mais provável é que pretendessem aumentar o seu poder de barganha e tutela diante do novo governo, para defender cargos e mamatas na máquina pública.  Mas Lula não caiu nessa armadilha, tramada com a inação cúmplice de seu próprio Ministro da Defesa, pasmem.

Com o leite derramado, tem muita gente especulando sobre como isso foi possível. Mas isto é secundário neste momento. O mais importante é o que se fará daqui pra frente.

O “x da questão” é o grau de degeneração interna das forças armadas e das polícias estaduais.  Afinal, elas são as executoras do “monopólio da violência legítima” em que se funda o Estado de Direito. Enquadrá-las é o primeiro desafio.

A começar pelos generais mamateiros, patripócritas, que dizem defender a nação com ardor quando é descaradamente evidente que se trata de assegurar suas vantagens e privilégios. Vide a presença destacada das famílias militares nos acampamentos à frente dos quartéis.

Não será fácil empurrar os fascistas de volta para o armário. Eles perderam a vergonha e os escrúpulos ( se é que tinham algum) depois que descobriram que são muitos. Estão espraiados por toda a sociedade brasileira, significativamente presentes em todas as instituições civis que deveriam ser as guardiãs da democracia.

O fascismo tem uma base social numerosa e não subestimável: a classe média. A mesma que a filósofa Marilene Chauí definiu tão bem: “A classe média é uma abominação política, porque ela é fascista, uma abominação ética, porque ela é violenta, e ela é uma abominação cognitiva, porque ela é ignorante“.

Os fatos do dia 8 de abril foram o demonstração prática desse fascismo, da violência e da ignorância que impera em amplos setores da classe média brasileira, simbolicamente materializada na destruição da pintura de Di Cavalcanti.

Enfim, como dar um basta à escalada de insanidade, que já prenuncia  atos terroristas com intuitos genocidas?

Vai ser uma batalha longa e cotidiana. Pra início de conversa, o “Brasil 2023” tem que ser a “Argentina 1985”.

A derrota eleitoral do nazismo brazuca, que ganhou a sua cara contemporânea com a ascensão do bolsonarismo, tem que ser levada até às últimas consequências.

Estamos diante de um momento histórico, uma chance rara de, finalmente, punir aqueles que historicamente sempre atentaram contra o Estado Democrático de Direito.

Alguns já tinham percebido isto e ensaiaram o manjado lenga-lenga de “revanchismo”.  Mas meteram os pés pelas mãos no 8 de janeiro e agora o caldo entornou.

Não se pleiteia um conjunto de atos punitivos que se esgotem em si mesmos, mas que sejam apenas um marco inicial para enterrarmos o que existe de mais deplorável na nossa sociedade. Porque essa será uma tarefa para uma ou duas gerações. Mas é urgente dar início a esse processo. E a oportunidade está dada.

A conjuntura nos é favorável.  A elite econômica brasileira, o tal “mercado”, que tanto se aproveitou desses quatro anos obscuros, já percebeu que é melhor se livrar desse entulho. Aproveitou o que pode deste desastre para maximizar seus ganhos. Porém agora o cenário internacional exige outra postura deles, sob pena de terem seus negócios ameaçados.

E o Tio Sam, o que sempre nos tutela como se fossemos o seu quintal, não teria ressalvas a fazer. Ele está às voltas internamente com o espectro do trumpismo ensaiando um retorno ao poder.

Para fazer uso de um linguajar meio clichê, a “correlação de forças” está a nosso favor. Porém, como tudo que é conjuntural, pode tomar uma nova configuração a qualquer momento.

Não é mais o tempo de conciliações, do “comer pelas beiradas”. É necessário o enfrentamento. Se não o fizermos agora, nessa janela de oportunidade que se abriu, o retrocesso poderá vir antes do que se espera (Imaginem se Trump retoma o poder!)

Não será fácil. Haverá reações hidrófobas, novas intentonas golpistas, além das ameaças do histórico terrorismo militar dos “para-sares e riocentros”.

Não sabemos quando a história nos dará outra oportunidade. Então, que tenhamos a “virtu” necessária para agir com vigor nesse momento de “fortuna”.

É hora de nos livrarmos de uma vez por todas da sina que nos condena a ser maior república das bananas do planeta.

BANANAS NUNCA MAIS!