
Pizza de banana saindo

Os militares bananeiros não suportam ouvir críticas. Se julgam superiores aos reles paisanos e moralmente quase perfeitos. Qualquer acusação pontual a um de seus membros é repudiada de forma raivosa e ainda acenam com o código penal militar, que pune quem ataque a hora da instituição. Ou seja, um por todos , todos por um, lema seguido ao pé da letra, muito além da lealdade dos mosqueteiros do romance de Alexandre Dumas.
Se os militares se restringissem às suas funções constitucionais e às suas ações sociais (a mão amiga que presta serviços relevantes à população nos rincões do país), não abririam flancos para as críticas que recebem. Mas não: insistem na ideia de que são um poder moderador, tutores da vida civil, com o direito de intervir na ordem política do país. Preferem tapar o sol com a peneira.
Nunca acumularam um histórico de vexames num período tão curto quanto os quatro anos de desgoverno do inominável, que patrocinaram e sustentaram. Agora se vêem na contingência de pagar o preço pela própria irresponsabilidade. Não com punições aos seus quadros, que sempre dão um jeito de impedir. Mas a imagem da instituição está mergulhada na lama. E vai demorar pra limpar toda a sujeira que ficou nas fardas. Porque eles não reconhecem que estão sujas de lama, chorume e sangue.
Os exemplos são muitos, com destaque para o tráfico de cocaína em avião oficial, a gestão criminosa do ministério da saúde, a tentativa de oficiais de faturarem com superfaturamento de vacinas, a cumplicidade com a tragédia yanomani.
Mas vexame, dos grandes mesmo, veio no ato final: a mobilização de inúmeros fardados graduados para perpetrar um crime contra a receita federal, a tentativa de resgatar jóias de valores milionários para incorporação criminosa no patrimônio pessoal daquele que eles chamam de “mito”.
A decadência dos nossos militares bananeiros chegou ao fundo do poço. Talvez consigam livrar seus comparsas de punições graves. Mas não há tira-manchas no mercado capaz de livrá-los da desmoralização. Não terá ameaça de código penal militar pra dar jeito nisso.
A fruta mais popular do país, que nos define enquanto sistema político (república das bananas) é composta de duas partes: a casca, a superfície aparente, que oculta dos nossos olhos a polpa, que contém a essência do fruto.
Entre a aparência e a essência de uma fruta há diferenças brutais. Não se pode confundi-las. Assim como devemos nos cuidar diante da aparência dos atos cotidianos, que muita das vezes oculta a essência das suas reais intenções.
Nos últimos dias, com certa dose de otimismo, muita ênfase foi dada na casca da nossa república bananeira.
Um curioso “vazamento” revelou a compreensão de um comandante sobre o papel dos militares que, mesmo descontentes com o resultado eleitoral, deveriam submeter-se à ordem legal. Algumas vozes do STM concordaram que militares envolvidos no ataque aos poderes do dia 8 de janeiro sejam julgados pelo STF. Um jornalista sénior, notório por psicografar autoridades falecidas e desejosas de dar conselhos sobre a ação dos vivos (alguns vivíssimos e até alguns vivaldinos) discorreu sobre a inutilidade do debate sobre a revisão do artigo 142 da Constituição. O argumento utilizado, óbvio e ululante (como diria Nélson Rodrigues), destaca que quem quer dar um golpe pouco se importa com impedimentos constitucionais. Para completar o cenário,divulgou-se o anúncio da supressão da ordem do dia da caserna em louvor ao 31 de março de 1964.
Ora, ora, ora. Tudo casca de banana que, como é notório, pode provocar tombos vexatórios nos incautos.
A ausência de condições objetivas para um golpe frustrou a caserna. Essa era a vontade majoritária no meio castrense. Como são treinados em estratégias e táticas de combate, sabem a hora de recuar e sabem dissimular suas reais intenções. Em paralelo, negociam a ocupação de espaços de importância tática no terreno político. E lá permanecerão de forma sorrateira, à espera de uma oportunidade para, se possível, atacar novamente. O DNA golpista sempre fala mais alto.
Nós sabemos o que os militares ditos “legalistas” e “moderados” pensam e despudoradamente disseram em verões passados.
Yes, nós temos bananas!
Como ocorre tradicionalmente no Brasil, parece que mais uma vez se fugirá do enfrentamento com os militares bananeiros. Uma punição simbólica aqui ou acolá, o sacrifício de alguns no triste papel de “bode expiatório”, nada de muito contundente. E ainda testemunharemos o sutil deboche da caserna, da impunidade grassando, a absolvição de golpistas com argumentos patéticos. Cereja do bolo, vemos até a nomeação de alguns conspiradores notórios para cargos relevantes na corporação. Claro que, em nome de uma pacificação transitória, teremos alguns discursos vigorosos de defesa da legalidade para enganar incautos. Mas nada esconde o fato de que nossos militares foram e são golpistas. Se os militares bananeiros não avançaram o sinal foi porque o Tio Sam mandou o recado: “- segurem seus impulsos por aí”. Disciplinados que são diante de quem reconhecem como autoridade hierarquicamente superior, ainda que a contragosto, nossos “nacionalistas” fardados literalmente entubaram. Mas são golpistas congênitos e, talvez sonhando com o retorno do Trump, apenas esperam uma nova oportunidade para se pendurar nas tetas da viúva..
Nem com todo carisma, popularidade e habilidade política Lula será capaz de puni-los como deveriam. Tampouco nenhuma força política o fará. Só a sociedade civil organizada, mobilizada e atuante poderá empurrar este pretenso “poder moderador” para dentro dos quartéis e lá permanecer.
Portanto, para se livrar do destino de ser uma eterna república bananeira, o Brasil tem pela frente um grande desafio. A tarefa mais imediata é empurrar o nazifascismo brasileiro de volta ao esgoto de onde saiu. Este é o primeiro passo para derrotá-lo, muito mais além da vitória eleitoral.
Antes de prosseguir, cabe uma uma observação. Nossos cientistas sociais, nossos acadêmicos, vão debater até o fim dos tempos da pertinência de se usar os conceitos de nazismo e fascismo para se referir ao atual momento histórico vivido pelo Brasil. Não que se trate de uma discussão bizantina (a discussão sobre o sexo dos anjos enquanto os Otomanos tomavam Constantinopla). A ciência, com seu rigor metodológico e conceitual, nos permite compreender melhor o mundo em que vivemos e nos capacitar para construir alternativas. No entanto, na ação política cotidiana, na esfera comunicacional, a urgência não nos permite certos pruridos conceituais. Umberto Eco sistematizou o que ele chamou de fascismo eterno (Ur-fascismo). São atos comunicativos comuns a todas as tendências políticas de extrema-direita ao longo da história contemporânea. Não necessariamente a-históricos, mas que ganham características peculiares em cada país em que se instalam.
O que nós enfrentamos é a forma como o nazifascismo contemporâneo se constituiu no Brasil, que é o legado deixado por Bolsonaro. Um nazifascismo que no passado emergiu sob o manto do Integralismo, que na atualidade tomou a forma dessa coisa abjeta que é o bolsonarismo. Não chega a ser algo novo, pois isto sempre existiu entre nós. E vai continuar existindo. Como escreveu Bertold Brecht na sua paródia do nazismo (A resistível ascensão de Arturo Ui), “a cadela do fascismo está sempre no cio”. O desafio civilizatório é mantê-la contida, impedindo-a de parir novos seres imundos.
Não temos pela frente uma tarefa fácil. Além da sombra da quartelada dos milicos bananeiros, há uma extrema direita barulhenta no Congresso, em torno da qual deve ser erguida um forte cordão sanitário. A ela se somam alguns governadores, a quase totalidade dos militares, um grande contingente de agentes públicos incrustados em todas as nossas instituições permanentes (de forma mais preocupante no sistema de justiça). E o pior: uma base social que reúne uma numerosa classe média ressentida, somada a um lumpesinato sem horizontes, milicianos, empresários do ogronegócio, neo-escravagistas, proto-assassinos torpes protegidos por CACs, estelionatários e toda sorte de criminosos comuns. A ficha corrida dos detidos nos atos terroristas de 8 de janeiro nos deram um representativo retrato dessa turma.
Puni-los de forma exemplar pelos atentados contra o Estado Democrático de Direito, sem qualquer condescendência, seria imperativo. Mas o impulso para que façamos aqui algo parecido com o mostrado no filme “Argentina 1985” vai se esgotando rapidamente.
E o tempo é curto. Diríamos que somente até as eleições norte-americanas no final de 2024. Até lá contaremos com uma relativa complacência, um discreto apoio dos democratas do Tio Sam. Somente porque eles estão sob a ameaça do retorno do trumpismo. O nosso projeto de um país soberano logo voltará a ser torpedeado. Lula tem habilidade suficiente para administrar essa relação, por enquanto. Depois, seja qual for o resultado da eleição norte-americana, voltaremos a ser sabotados. Repetimos, mesmo que para alguns pareça uma análise simplista: a posição dos EUA teve um peso decisivo para que os militares não colocassem as suas manguinhas de fora e dessem mais uma quartelada esdrúxula.
Estamos no meio de uma guerra comunicacional na qual os inimigos partiram na frente e fizeram um estrago imenso. Ao Governo cabem muitas responsabilidades, atitudes e políticas públicas para reverter o estrago feito. Mas sem o engajamento da sociedade civil, de forma organizada e autônoma, não derrotaremos o nazifascismo brazuca.
“Desnazificar” o Brasil não será tarefa fácil. Mas isso é assunto para uma próxima postagem.
Nova efeméride pátria: 8 de Janeiro, Dia da Maior República das Bananas do Planeta! Parabéns as nossas gloriosas FFAA por ter nos proporcionado este dia!
Não foi por falta de aviso. Não foram poucos os que alertaram que, em algum momento, teríamos a “invasão do capitólio” versão brazuca. Mas deixaram o absurdo acontecer.
A tática também era sabida. Cientes de que uma quartelada tradicional teria um amplo repúdio da comunidade internacional, uma empreitada destinada ao fracasso, estimularam de forma calhorda e criminosa que lunáticos de toda espécie provocassem um caos. As FFAA aguardaram ansiosamente pelo chamado para “restaurar a lei e a ordem”.
Talvez planejassem se somar aos lunáticos e dar o golpe, se houvesse uma grande mobilização pelo país. Porém o mais provável é que pretendessem aumentar o seu poder de barganha e tutela diante do novo governo, para defender cargos e mamatas na máquina pública. Mas Lula não caiu nessa armadilha, tramada com a inação cúmplice de seu próprio Ministro da Defesa, pasmem.
Com o leite derramado, tem muita gente especulando sobre como isso foi possível. Mas isto é secundário neste momento. O mais importante é o que se fará daqui pra frente.
O “x da questão” é o grau de degeneração interna das forças armadas e das polícias estaduais. Afinal, elas são as executoras do “monopólio da violência legítima” em que se funda o Estado de Direito. Enquadrá-las é o primeiro desafio.
A começar pelos generais mamateiros, patripócritas, que dizem defender a nação com ardor quando é descaradamente evidente que se trata de assegurar suas vantagens e privilégios. Vide a presença destacada das famílias militares nos acampamentos à frente dos quartéis.
Não será fácil empurrar os fascistas de volta para o armário. Eles perderam a vergonha e os escrúpulos ( se é que tinham algum) depois que descobriram que são muitos. Estão espraiados por toda a sociedade brasileira, significativamente presentes em todas as instituições civis que deveriam ser as guardiãs da democracia.
O fascismo tem uma base social numerosa e não subestimável: a classe média. A mesma que a filósofa Marilene Chauí definiu tão bem: “A classe média é uma abominação política, porque ela é fascista, uma abominação ética, porque ela é violenta, e ela é uma abominação cognitiva, porque ela é ignorante“.
Os fatos do dia 8 de abril foram o demonstração prática desse fascismo, da violência e da ignorância que impera em amplos setores da classe média brasileira, simbolicamente materializada na destruição da pintura de Di Cavalcanti.
Enfim, como dar um basta à escalada de insanidade, que já prenuncia atos terroristas com intuitos genocidas?
Vai ser uma batalha longa e cotidiana. Pra início de conversa, o “Brasil 2023” tem que ser a “Argentina 1985”.
A derrota eleitoral do nazismo brazuca, que ganhou a sua cara contemporânea com a ascensão do bolsonarismo, tem que ser levada até às últimas consequências.
Estamos diante de um momento histórico, uma chance rara de, finalmente, punir aqueles que historicamente sempre atentaram contra o Estado Democrático de Direito.
Alguns já tinham percebido isto e ensaiaram o manjado lenga-lenga de “revanchismo”. Mas meteram os pés pelas mãos no 8 de janeiro e agora o caldo entornou.
Não se pleiteia um conjunto de atos punitivos que se esgotem em si mesmos, mas que sejam apenas um marco inicial para enterrarmos o que existe de mais deplorável na nossa sociedade. Porque essa será uma tarefa para uma ou duas gerações. Mas é urgente dar início a esse processo. E a oportunidade está dada.
A conjuntura nos é favorável. A elite econômica brasileira, o tal “mercado”, que tanto se aproveitou desses quatro anos obscuros, já percebeu que é melhor se livrar desse entulho. Aproveitou o que pode deste desastre para maximizar seus ganhos. Porém agora o cenário internacional exige outra postura deles, sob pena de terem seus negócios ameaçados.
E o Tio Sam, o que sempre nos tutela como se fossemos o seu quintal, não teria ressalvas a fazer. Ele está às voltas internamente com o espectro do trumpismo ensaiando um retorno ao poder.
Para fazer uso de um linguajar meio clichê, a “correlação de forças” está a nosso favor. Porém, como tudo que é conjuntural, pode tomar uma nova configuração a qualquer momento.
Não é mais o tempo de conciliações, do “comer pelas beiradas”. É necessário o enfrentamento. Se não o fizermos agora, nessa janela de oportunidade que se abriu, o retrocesso poderá vir antes do que se espera (Imaginem se Trump retoma o poder!)
Não será fácil. Haverá reações hidrófobas, novas intentonas golpistas, além das ameaças do histórico terrorismo militar dos “para-sares e riocentros”.
Não sabemos quando a história nos dará outra oportunidade. Então, que tenhamos a “virtu” necessária para agir com vigor nesse momento de “fortuna”.
É hora de nos livrarmos de uma vez por todas da sina que nos condena a ser maior república das bananas do planeta.
BANANAS NUNCA MAIS!
Na linguagem da caserna existem expressões que são verdadeiros lugares comuns, usadas sempre que os militares desejam dissimular o seu caráter golpista. Uma delas é bem famosa:”quando a política entra pela porta de frente dos quartéis, a disciplina sai pelos fundos“.
Essa frase é sempre dita quando os militares são acusados de se intrometer na vida civil, no jogo político da nossa frágil democracia. Historicamente ela tem sido atribuída ao General Góes Monteiro, golpista de primeira linha e notório por fazer articulações políticas 24 horas por dia.
A frase é tão verdadeira quanto cínica. Política é o lugar do debate e da disputa democráticas de ideias. De fato, dentro do quartel ela não presta pra nada. Numa tropa não há lugar para dissenso nem negociação de pontos de vista divergentes. A eficácia das FFAA se baseia no estrito respeito a hierarquia e disciplina, no qual um manda outro obedece.Para o bem e para o mal.
A hipocrisia é que ela é usada quando os militares bananeiros querem se esquivar da acusação de que sempre buscam tutelar e interferir na vida civil, pelo simples fato de deterem o poder das armas. Como se restringessem a sua atuação aos quartéis. Falsidade pura.
Golpistas e conspiradores não traçam os seus planos dentro do quartel, mas sim nos subterrâneos do clubes militares e, na atualidade , nas salas dos Think Tanks bananeiros (Institutos Sagres, Federalista, Villas-Boas).
Um general de pijamas, que posa de sensato, faz o papel de “good cop” e diz que não há porque temer os militares. Mas o fato é que, nesse momento, os generais bananeiros estão alvoroçados, doidinhos pra dar um golpe, O vice presidente e outros generais de pijama não conseguem se controlar e tornam públicas suas ideias. Mas são muitos os problemas que os impedem de levar adiante os seus intuitos: um quase total isolamento internacional, um apoio interno restrito à própria oficialidade, mais um bando de alucinadas vivandeiras de quartéis, acrescidos de alguns tresloucados do “ogronegócio” fechando rodovias. É pouco. Podem acabar como os generais bolivianos recentemente ou, pior pra eles, como os generais argentinos em 1985.
Há um único perigo grave no ar: os terroristas militares. O caldo de onde brotou o Para-Sar e o Riocentro continua intacto. E impune. Já dissemos antes: é aí que mora o perigo. Não que possam ser bem sucedidos; mas pela carnificina que poderão promover.
Como já foi publicado anteriormente neste blog: https://bananasnews.noblogs.org/post/2022/08/03/bananas-terroristas-um-alerta/
Não se enganem: um golpe era o plano B dos militares para o caso de derrota de seu “mito”. A “auditoria” das urnas eletrônicas seria o estopim. Porém a reação dos lunáticos – e só deles – para provocar um caos que justificasse uma intervenção militar foi um grande fiasco. Fora do restrito círculo de demência coletiva, todos aceitaram o resultado das eleições. Até o centrão pulou fora. Os vendilhões dos templos evangélicos idem. Só ficaram os “lelés da cuca”, o “ogronegócio” e os nazifascistas empedernidos. Mas teve o pior para o plano do golpe castrense: Tio Sam disse de imediato que o resultado das urnas deveria ser respeitado. Sorte nossa o Trump não ter sido reeleito.
Mas ainda há perigos no horizonte. O silêncio do “Hitler dos trópicos” não é somente depressão e pirraça de derrotado. Ele não aceita os resultados para assim manter os alucinados em estado de excitação permanente. Temeroso quanto ao seu próprio futuro e de seu clã, precisa manter a corda esticada até que encontre uma saída minimamente honrosa, se esta existir. Enquanto ele não entubar a derrota, há o risco de atos insanos.
Não devemos descartar a hipótese da equipe do Banon ainda estar dando assessoria e considerando ações tresloucadas. Escrúpulos é algo que essa turma nunca teve.
Os comandantes militares estão numa sinuca de bico; são coagidos a dificultar a transição na pasta da Defesa pelo ainda chefe do Executivo. E o plano golpista foi pro vinagre. Isto porque agora não derrubariam somente um presidente eleito, mas um líder mundial em ascensão e incensado por todos os continentes do planeta. Lutar contra este fato seria um risco muito alto e de consequências perigosas para os interesses da corporação (e principalmente para o país, mas eles se lixam pra isso). Imaginem os que sobrevivem na impunidade desde o século XIX tendo que responder pelos seus atos golpistas perante a comunidade internacional. Desde a prisão de Pinochet algo mudou. A vida de golpista bananeiro não é fácil no século XXI.
O fato é que, o que eles querem mesmo é negociar uma “rendição” em condições favoráveis, mesmo sendo chamados de “melancias” pelo bizarro bando de vivandeiras dos quartéis. Indignados por verem seus pares sendo chamados de “verde por fora/vermelho por dentro” responderam com uma grotesca nota do Comando do Exército. Ao invés de destacar o respeito à legalidade democrática, deram ênfase na coesão e disciplina da corporação. Pra bom entendedor: se for pra dar um golpe, eles estarão todos juntos….
E é aí que mora o perigo das FFAA bananeiras. Desta postura infame é que brotam os terroristas de farda, do Para-Sar ao Riocentro, passando pelos planos imbecis daqueles que os militares ajudaram a alçar até a presidência do país. Tanto que o vice derrotado segue no comitê de campanha, enquanto o vice em exercício segue questionando a legitimidade do resultado. O comitê de campanha perdedor virou um lugar onde se tramam conspirações e golpes contra a democracia, à luz do dia.
Que as bombas, reais ou não, continuem a explodir no colo desta casta medíocre que se acha tutora da vida civil do país.
A última semana foi marcada por manifestações diversas dos militares bananeiros. O destaque ficou por conta do relatório da “auditoria” das urnas eletrônicas (que não era auditoria, ou era, talvez, quem sabe…) das urnas eletrônicas pelo Ministério da Defesa (das mamatas corporativas). Como o conteúdo não agradou o “chefe-mito”, foram obrigados a publicar logo a seguir uma nota em que tentam se explicar melhor, num dos episódios mais patéticos das FFAA brasileiras.
Em resumo, afirmaram que não detectaram sinais de fraude, o que não significa necessariamente que elas não existiram, pois haveria meios de fraudar, embora não se diga exatamente de que maneira. Assim como não detectamos vida inteligente no cosmos, mas não podemos afirmar que não exista. Assim como não vimos nenhum duende nem algum saci-pererê por aí, mas isso não quer dizer que eles não podem existir. Ridículo. Vergonhoso. Patético.
Uns poucos militares graduados reconheceram, com muita má-vontade, os resultados das eleições. Um pouco por cinismo, mas claramente por simples pragmatismo, pela necessidade de garantir uma posição menos desvantajosa após perder uma batalha.
Pra alimentar o anedotário já vasto da “inteligência militar” brasileira, o chefe da GSI, vulgo genocida do Haiti, tentou aplicar um golpe na equipe de transição. Ofereceu computadores, equipe de funcionários e rede wi-fi exclusiva para a equipe de transição. De um republicanismo comovente, se não viesse de quem veio. Foi apelidada pela imprensa de “operação heleno de troia”. Gargalhadas à parte, foi esse tipo de gente medíocre que esteve no poder nos últimos quatro anos chefiando a agência de “inteligência” nacional.
O general de pijamas e ainda vice-bananeiro publicou num grande jornal um artigo revelador, pelo que insinua nas entrelinhas. Cinicamente, reconhece o resultado democrático das urnas, até porque foi eleito senador por elas. Mas diz não comemorar e conclama pelas “lições e responsabilidades a assumir”. Ataca autoridades que extrapolaram as suas funções (com exceção do fato dos militares se imiscuírem no processo eleitoral, prerrogativa que a Lei não lhes dá). Claro, para este sujeito, ameaça à democracia é o TSE reprimir difusão de “mamameiras de piroca”. Os inúmeros crimes eleitorais que foram praticados pelo governo, por empresários e por agentes públicos (cujo “oscar” foi para a PRF-Polícia Rodoviária Fascista, ex-Federal), não lhe causam qualquer constrangimento. Pra finalizar, coloca o fato de acatar o resultado das eleições só vale se forem respeitadas as “legítimas manifestações” populares posteriores, ou seja, as que pregam a intervenção militar. Em português claro: Golpe!
E difícil a vida do golpista que tenta se passar por democrata. Não há retórica que dê conta da hipocrisia dos militares bananeiros. Até porque, nas redes internas dos militares, os chamamentos ao golpe são a voz corrente, replicados por oficiais das mais diversas patentes.
Este blog vem batendo na mesma tecla há tempos: o plano dos militares bananeiros era criar um caos para a milicada “intervir” em nome da ordem pública. Mas deu ruim pra eles.
A reação internacional, rápida e contundente, foi crucial. E uma provável aclamação pela comunidade internacional do presidente recém-eleito na COP27 será a pá de cal nos sonhos golpistas.
Enfim, não rolou o cenário que eles desejavam para aplicar o golpe: o caos gerado pelos caminhoneiros não atingiu o sucesso previsto. Restaram somente as bizarras “vivandeiras dos quartéis”, cujas cenas ridículas nos têm garantido risadas a rodo. O financiamento farto de um punhado de empresários que enriquecem sonegando impostos ainda garante vida a algumas manifestações tresloucadas por aí, mas já estão condenadas ao fracasso.
Infelizmente, o espectro do golpismo sempre estará a nos assombrar. O insano e demente twett publicado na véspera das eleições no perfil do general de pijamas que é o inspirador do principal Think Tank dos militares brasileiros não deixa dúvidas quanto a isso.
Até que as instituições militares sejam refundadas em nosso país, continuaremos a ser a maior república das bananas do planeta.