De acordo com um dos jornalões da Faria Lima o imenso sucesso do filme “Ainda Estou Aqui” está deixando as Forças Armadas profundamente incomodadas. O filme toca numa ferida que eles não querem reconhecer. Seria uma oportunidade para a instituição rever a sua história e redesenhar o seu papel na defesa da soberania nacional. Além de limpar o sangue de suas fardas.
Incomodada ficava a sua avó. Assim dizia um antigo slogan publicitário de absorventes íntimos femininos. A solução para as novas gerações não ficarem mais incomodadas era o absorvente interno.
Mas tem coisas que a atual geração dos militares bananeiros, internamente, não consegue absorver de jeito algum. Ainda não há nada que os façam admitir que as FFAA foram responsáveis por crimes que já são fatos históricos.
Essa milicada tem uma profunda dificuldade em assumir a responsabilidade pelas barbáries cometidas. Se não podem mais negá-las, querem que tudo seja esquecido. Tudo menos pedir desculpas à nação. Não que eles creiam que se trataria de um ato de fraqueza. No íntimo, não querem que nada seja absorvido, não se constrangem com o sangue derramado. Porque, se acharem necessário, serão capazes de novamente fazer jorrar o sangue de democratas brasileiros. Como planejaram recentemente no golpe frustrado que incluía o assassinato de autoridades.
Já o novo presidente da Câmara dos Deputados, em discurso de posse, tentou tirar uma casquinha no sucesso do filme para uma abstrata defesa da democracia e da Constituição. E fez isso cinicamente, como se o fato de ter feito parte da base de apoio do ex-presidente golpista nada significasse. Não por acaso, o discurso foi cheio de “atos falhos freudianos”, daqueles capazes de fazer psicanalistas se masturbarem de alegria (parafraseando aqui a máxima de Stanislaw Ponte Preta). Afirmou que o Legislativo resistirá a “qualquer ditadura”, venha de onde venha, que tente usurpar as suas prerrogativas.
Pra bom entendedor: ditadura só é problema se impedir os deputados de se apropriarem do orçamento federal e se o STF colocar barreiras à farra desregrada com o dinheiro público.
Enquanto isso, o Procurador-Geral da República participou de um animado rega-bofe com o advogado do almirante que disse ter as tropas prontas para o golpe em 2022.
Já o ministro da defesa (uso de minúsculas não é erro aqui), que em vez de mandar é mandado pelos comandantes militares, dá sinais de exaustão e tá pedindo pra sair. Mas foi persuadido a ficar até que a pizza do inquérito do golpe saia do forno.
Nossa frágil democracia continua respirando por aparelhos.
https://www.youtube.com/watch?v=Z7wp9_AplCw