
Em uma sincronia quase perfeita, mal terminada a contagem dos chacinados no Rio de Janeiro, dois governos de países da OPA (Organização dos Países Ajoelhados), Argentina e Paraguai, declararam que o CV e o PCC são organizações terroristas internacionais. Até mesmo o presidente recém eleito da Bolívia, em carta ao atual presidente em exercício, se antecipou e pediu atenção nas fronteiras para impedir a entrada de organizações criminosas brasileiras. Todos muito obedientes e apressados para demonstrar a sua servidão aos desígnios do Führer do MAGA: instrumentalizar o crime comum para legitimar a intervenção política e militar em países das américas.
A OPA a que nos referimos foi uma crítica genial do cineasta argentino Fernando Solanas, no filme El Viaje (2004). Atualíssimo, infelizmente. A cena é impagável:
https://www.youtube.com/watch?v=RAB98PtJgcA
Assim, a mobilização de todos os quintas-colunas da América Latina avança em ritmo frenético.
A guerra contra o Brasil, que visa tornar o nosso país um quintal definitivo dos EUA, teve nessa semana dois episódios curiosos. Assistimos ao desfecho do primeiro ataque direto ao Brasil. Tentaram, com um “tarifaço” irracional e a aplicação estúpida da Lei Magnitsky, provocar a anistia de seu testa-de-ferro, de forma a habilitá-lo a disputar as eleições do ano que vem. E o Império perdeu essa batalha. E isso porque erraram feio ao confiar nas versões e delírios de uma dupla de idiotas.
Porém o contra-ataque foi rápido, antecipando as ações de guerra híbrida que esperávamos para o ano eleitoral de 2026. Uma carnificina planejada, operada pelos seus quintas-colunas, os neofascistas e traidores da nossa pátria. E bem afinado com o pretexto inventado pela Casa Branca para justificar intervenções nos países da América latina que não lhes são servis: a equiparação do narcotráfico ao terrorismo. Tudo à margem do direito internacional.
Os acontecimentos no Rio de Janeiro tiveram um roteiro bem planejado:
– Castro passou o final de semana que antecedeu o massacre reunido com Flávio Bolsonaro. Ambos são candidatos às duas vagas do Senado no ano que vem (Flávio pela reeleição);
– A ação se deu em total coincidência com a viagem de retorno Lula da Ásia, quando ficou 20 horas incomunicável num avião da FAB, sem wi-fi;
– Na primeira coletiva Castro afirmou e reafirmou exaustivamente que agiu sozinho, porque o governo federal recusou o apoio reiteradamente solicitado. Uma mentira deslavada. Tanto que, logo em seguida, hipocritamente correu para o telefone e se desculpou com o governo federal. Mas a fala já estava no ar, replicada ad infinitum nas redes sociais. Coisa evidentemente planejada;
– O Secretário de Segurança usou, repetidas vezes, o termo narco-terrorismo. Aliás, meses atrás já tinha encaminhado ao governo Trump, através do Consulado dos EUA no Rio de Janeiro, um relatório em que acusa o CV de ser um grupo terrorista com tentáculos na América do Norte, pleiteando a cooperação do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) dos EUA para aplicar sanções. Ou seja, o circo já tinha começado a ser armado;
– Os governadores neofascistas do centro-sul do Brasil (RS, SC, PR, SP, MG, DF e MS) ofereceram prontamente apoio ao governador do RJ e articularam a criação de um “consórcio interestadual” de segurança pública;
– Institutos de pesquisa despejaram rapidamente resultados de enquetes que apontam forte apoio da população à chacina;
– O Governador de São Paulo anunciou que seu vice, velho exterminador da ROTA, poderá reassumir o mandato na Câmara para relatar o projeto de lei que classifica facções criminosas como terroristas (que vai entrar na pauta com grandes chances de ser aprovado);
– Por fim, as manifestações dos hermanos serviçais do império cuidadosamente coordenadas.
A estratégia para as próximas batalhas está definida: explorar o MEDO da população. As bandeiras morais e ideológicas serão agora pano de fundo. O inimigo a ser derrotado é o “terror do narcotráfico”.
E esse “terror” será estimulado, provocado ou fabricado.
Um novo atentado espetacular pode estar sendo elaborado. Uma nova espécie de “Riocentro”. Só nos resta torcer para que, mais uma vez, a bomba estoure no colo dos fascistas.
Quem avisa amigo é.







Como já foi dito, Trump é um sujeito que sofre de um grave transtorno narcísico. Então todos os seus atos e palavras devem ser interpretadas primeiramente por este prisma. Câmeras flagraram o presidente dos EUA assistindo atentamente o discurso do presidente brasileiro. Um discurso altivo, insubmisso, que não deixou pedra sobre pedra. Nem mesmo diante de sanções e reiteradas ameaças da maior potência econômica e militar do globo. Lula foi a voz de todo o Sul Global. O que seria um aperto de mão protocolar, virou um abraço efusivo seguido de uma mensagem improvisada, dizendo que gostou dele, que rolou uma química, que o convidou para um conversa.
Certamente será uma armadilha perigosíssima. “Gostei de você” e “ rolou uma química”, são frases de abusadores antes de praticar um estupro. Uma breve tentativa de sedução a partir de uma posição de poder, que precede o ato violento em caso de não submissão. E Trump é um abusador, coisa que o abafado caso Epstein comprova.
È presumível que Trump tenha ficado impressionado com o tamanho da ousadia e da coragem expressa no discurso de Lula. Certamente o presidente ganhou o respeito dele. Trump sabe que tem recursos ao seu alcance – militares, econômicos e de psi-op – que podem provocar um caos no Brasil, mesmo que com alto custo político. E sabe que nós sabemos disso. Ainda assim, o governo Lula não se enverga. Talvez Trump tenha até percebido a diferença da postura de seus aliados no Brasil, um bando de covardes e sabujos. Mas ele precisa de capachos locais. Não deve abandoná-los na beira da estrada. Pelo menos até que encontre outros da confiança de seus asseclas.
Trump tem margem de recuo. Há setores econômicos poderosos que estão sendo prejudicados nos EUA. A questão é o que ele exigirá em troca. Porque ele jamais aceitará normalizar as relações com o Brasil sem que possa capitalizar uma vitória. Se o Reino Unido e a União Europeia se ajoelharam, porque não o Brasil, esse abusado?
Do ponto de vista econômico, o que deve estar na mesa é a participação na exploração dos nossos recursos estratégicos e a regulação das bigtechs, que são temas vitais para o MAGA. Do ponto de vista geopolítico, os EUA desejam o enfraquecimento dos nossos laços com o BRICS, pois o objetivo é a retomada do que eles consideram o seu “quintal”. Mas sabem que não podem exigir isso de imediato, dada a dimensão das relações econômicas envolvidas.
Já a familicia não será moeda de troca. Mas ela poderá testemunhar o começo do abandono da sua causa, de forma lenta, gradual e progressiva.
Seja como for, o mais hábil negociador da história do Brasil terá, possivelmente, o seu maior desafio. A conferir.