O jornalão carioca (e seu canal de notícias), habitué em passar pano para os militares bananeiros, já começou a construir a versão “oficial” da tentativa de golpe terrorista que acaba de ser revelada. Seus colonistas (como dizia o saudoso Paulo Henrique Amorim), já começaram a difundir o “mal-estar” que tomou contas das FFAA. Dizem que a caserna foi tomada pela “tristeza”, “surpresa” e “decepção”, pela “traição” de uma “minoria” que causou “estrago terrível”, alimentando preconceitos contra os militares.
Seria hilário se não fosse trágico. O golpe sempre foi o plano A no caso de derrota do bozo. O lançamento do intelectualmente medíocre “Projeto Brasil 2035” já anunciava a intenção dos militares de permanecerem no poder. A ação de desacreditar as urnas eletrônicas foi apenas uma das ações preparatórias. Outra foi a nota das três forças do dia 11 de novembro, que defendeu os acampamentos nos quartéis e reafirmou explicitamente o papel “moderador” dos militares (e que, agora sabemos, foi na véspera da reunião dos golpistas na casa de de um general). E ainda há outras dúzias de evidências de que as forças armadas, em uníssono, estavam preparando um golpe.
O Plano teve, no entanto, uma oposição de peso. De acordo com matérias do Financial Times. assessores de segurança nacional de Joe Biden vieram aos Brasil e deixaram claro que os EUA não só não apoiariam como condenariam qualquer ruptura institucional. Ironias da história: os que sempre patrocinaram golpes e desestabilizações do nosso país, por conta de uma conjuntura doméstica (o fator Trump), decidiram se opor ao golpe de seus vassalos.
Foi um balde de água fria na milicada. Afinal, sua desobediência seria um ato de rebeldia aos olhos de seus reais comandantes, o Comando Militar Sul dos EUA, com consequências que poderiam ser bem desagradáveis. Isso dividiu o comando militar. Em áudio de um coronel golpista, do dia 19/11/2022, tornado público pela PF nesta semana, ele diz claramente sobre o alto comando do exército: “cinco não querem, três querem muito e os outros, zona de conforto”. Ou seja, dos 16 integrantes, apenas 5 não queriam aderir (e talvez somente por não ter o apoio do Tio Sam).
Foi nesse momento que a arquitetura do golpe tomou outro rumo. De forma planejada ou velada, foi dada carta branca para a ala mais radicalizada. Porque nada foi feito para impedi-los de prosseguir com o plano criminoso. E isso não foi omissão, foi estratégia. Com um golpe fadado ao fracasso, contavam que os radicalizados fariam o trabalho sujo e “deram corda para eles se enforcarem”. Diante do isolamento internacional, aí sim os “legalistas” entrariam em cena para colocar ordem na casa. Claro, depois de terem sido assassinadas as principais lideranças da república. E ficaram posando de “salvadores da democracia”.
Esse era o plano. Não é difícil enumerar as evidências que conformam essa tese. Aliás, essa é a versão que o jornalão carioca, sabujo dos militares, está tentando emplacar: os militares impediram que a ala radicalizada desse o golpe e salvaram a república. Quem é otário que acredite.
O escândalo que acaba de vir à tona, da trama de um golpe que culminaria com o assassinato das maiores autoridades da república, exige uma resposta contundente e imediata. As FFAA bananeiras digo, brasileiras, são golpistas desde a sua origem. As escolas que formam os futuros oficiais deveriam ser objeto de uma intervenção pedagógica do poder civil. Estão completamente contaminadas. São centros formadores de “bolsonaros do amanhã” criados à imagem e semelhança da criatura mais repugnante e desprezível que já ocupou a presidência do nosso país. Isso tem que acabar.
Não é hora de titubear. Os golpistas mais empedernidos estão contando com um sinal verde vindo de Washington após a posse de Trump para voltar a conspirar e golpear. Não há joio a ser separado do trigo. Os fardados são ervas daninhas plantadas no mesmo canteiro. Como não será possível arrancá-las, devem ser severamente podadas. Ou a nossa democracia não sobreviverá até 2026.