Bananas impunes, bananas perigosas

Hora de decidir se a nossa República vai atravessar o Rubicão para, definitivamente, darmos um passo seguro no sentido deixarmos de ser uma república bananeira.

Claro que o pragmatismo e necessidade de garantir a governabilidade significará fazer concessões.

Porém nenhuma concessão deverá ser feita em troca da impunidade.

As recentes ações da PRF – Polícia Rodoviária Fascista, antiga Federal, revelou uma instituição apodrecida. Não a única, certamente. Existem tumores malignos que devem ser extirpados sem dó das nossas instituições, sob pena de provocar uma metástase na nossa frágil democracia.

Passada uma semana após a derrota do neonazismo tupiniquim nas urnas, vale refletir novamente sobre o país que ainda somos, a maior república das bananas do mundo.

Claro, degustar da vitória é ótimo. Rir muito das bizarrices de uma legião de alucinados em completo estado de dissonância cognitiva, também é bom, ainda que sejam em boa parte das vezes criaturas dignas de pena.

Mas tem o bolsonazismo. Estes são perigosos. Eles é que protagonizam as lamentáveis cenas de violência política que, inclusive, já provocaram algumas mortes pelo país.

Por esta razão, punir todos os ataques ao Estado Democrático de Direito é fundamental. Os empresários e agronegociantes que financiam os atos golpistas devem responder pelos seus crimes. Ou não sossegarão.

Precisamos atravessar este Rubicão.

Ademais, sempre há o perigo do terror militar. A certeza da impunidade deixa essa possibilidade em aberto, o que pode fomentar outros “parasares e riocentros” num futuro próximo.

Ao se reunir com os comandantes militares logo após a derrota, o presidente sondou o apoio deles a um possível golpe, com base numa suporte fraude nas urnas eletrônicas. Segundo fontes da imprensa, houve quem apoiasse. Mas não formaram a maioria, particularmente no Exército. Prevaleceu o entendimento de que um golpe fadado ao fracasso poderia ter consequências gravíssimas para a instituição.

Um certo general de pijama, que alguns já chamaram de “genocida do Haiti”, que saiu do sofá para mamar nas tetas do Estado, demonstrou de forma boçal, como de hábito, a sua insatisfação com o resultado da eleição. Outro general de pijama, o vice-presidente bananeiro, de forma pouco sutil, também como de hábito, praticamente declarou que um golpe só não é viável porque não seria aceito no cenário internacional.

Esse é o pensamento fétido predominante na caserna brasileira. Se estivessem seguros da possibilidade de dar um “golpe sustentável”, o fariam. Mas a falta de apoio daqueles a quem nossos militares lambem as botas – os EUA – os desestimulou a tentar qualquer aventura.

Mas não existiriam alguns generais moderados, ligeiramente legalistas? Claro, aquelas exceções que confirmam a regra. Um deles, numa entrevista recente, fez o papel de defensor da instituição militar. Mas de uma forma tão gaguejante que parece que nem ele mesmo acredita no que fala. Até porque foi fiador do bozo, e só mudou de tom após ser defenestrado logo no início do governo.

Seja como for, as bananas golpistas ainda infestam grande parte das FFAA. Anuncia-se para esta quarta feira, dia 9 de novembro, um pronunciamento do Ministro da Defesa (defesa das mamatas para fardados?), de notória vocação golpista, sobre os resultados da “auditoria” militar quanto a confiabilidade das urnas eletrônicas nestas eleições.

Teremos aí uma sinalização se os militares bananeiros/mamateiros continuarão a dar argumentos para manter a corda esticada.

Há um neonazifascismo em ebulição do mundo. A extrema direita está no poder na Hungria, Polônia, Itália, Israel, e segue forte nos EUA, França e em outros países. O retorno de Trump é uma possibilidade concreta. Enfim, toda conjuntura é mutável. A vitória eleitoral não eliminará da noite pro dia os grupos armados dos CACs nem desmontarão as redes de propagação de ódio e fake news.

Bem o disse Brecht: a cadela do fascismo está sempre no cio. Devemos permanecer atentos e prontos para enfrentá-los com as armas do Direito. Não passarão!