Bananas murchas, porém ainda perigosas

A derrota do Bozo, por pequena margem, era tudo o que a milicada bananeira queria. É obvio que preferiam uma vitória, mas sabiam que tudo indicava a derrota de seu candidato, o grande protetor de suas patrióticas mamatas. Daí precisarem de algo que lhes desse algum poder de barganha. Então o resultado não foi de todo ruim.

A nota do general golpista reformado e gravemente adoentado, tido como “grande intelectual” da caserna (pasmem!), foi a coisa mais patética da véspera da eleição. Como os tempos são outros, não teve o efeito da nota ameaçadora de anos atrás, que exigia do STF a prisão do Lula. Mas até aí, nada de novo sob o sol.

Resultado divulgado, era só esperar o bando de alucinados e dementes promoverem uma ampla arruaça para que eles, vestindo o uniforme hipócrita de “salvadores da Pátria”, se apresentassem para salvar a mamata fardada, opa, digo, restabelecer a ordem e salvar a “nação”. Eles guardaram como trunfo adicional uma ridícula “auditoria” da urnas eletrônicas para usar num momento adequado.

Mas alguma coisa fugiu ao “script”.

Muitos correligionários civis, mais espertos e prudentes, reconheceram de imediato a vitória do Lula. Presidentes da Câmara e do Senado, governadores e outras lideranças políticas e do judiciário reconheceram e chancelaram o resultado das urnas. As entidades internacionais que acompanharam a eleição também não titubearam: a idoneidade das urnas foi afirmada pelas comissões da ONU, da OEA e da CPLP.

Porém o grande balde de água fria na milicada bananeira foi a reação internacional. Tão rápido quanto foram confirmados os resultados das urnas, veio uma avassaladora onda de manifestações de lideranças mundiais saudando a eleição do Lula.  Muitas de forma quase entusiástica, bem além do meramente protocolar.

Com essa paulada, os milicos bananeiros deram uma murchada, que nem viagra superfaturado pode resolver.

Mesmo com estes abalos, o plano golpista prosseguiu conforme planejado, entrando na fase das insurreições “espontâneas”. Vieram os dementes alucinados fechando estradas, com a conivência de uma instituição completamente corrompida, a Polícia Rodoviária Federal. Os mesmos que, no dia da eleição, tentaram asfixiar no porta-malas das suas viaturas os votos dos nordestinos.

Até agora, o número mortos por fanáticos armados em discussões em vários pontos do país já se iguala ao número de vítimas da invasão do Capitólio dos EUA. O momento é tenso: os fanáticos parecem querer um cadáver para radicalizar as suas ações.

O movimento dos supostos caminhoneiros, que já se sabe ter sido previamente planejado no Palácio do Planalto  para o caso de derrota nas urnas, vai causando transtornos em todos país e obrigando as autoridades a tomar decisões. Porém tendem a fenecer tal como as vítimas da COVID em Manaus: por falta de oxigenação. O grotesco golpe verde-oliva planejado vai sendo asfixiado da mesma maneira.

O sucesso dessa empreitada irresponsável depende agora da insubordinação das polícias em nível nacional, uma gravíssima quebra de hierarquia, algo um tanto improvável. E que poderia provocar um conflito com milhares de mortos. Um custo político muito alto para os militares bananeiros.

Enquanto isso, segue o plano B dos militares mamateiros. O vice bananeiro, disse acatar os resultados das urnas (acredite se quiser), deu umas estocadas covardes no adversário, e se dispôs a ajudar na transição do governo, diante do ensurdecedor silêncio inicial e das posteriores mensagens curtas e dúbias do chefe.

Como todo militar sabe de cor e salteado, se uma batalha está perdida, o melhor a ser feito é negociar condições vantajosas de rendição. Lá se vão os 6 mil cargos no executivo e nas estatais, mamatas da boa, mas ficam a aposentadoria diferenciada, as vantagens remuneratórias obtidas e, principalmente, a impunidade, sem o qual a caserna não sobrevive no Brasil.

O fantasma de golpe da milicada bananeira ainda nos assombrará pelos próximos anos. Eles permanecerão à espera de uma nova oportunidade para se grudar nas tetas da viúva tal qual uma sedenta sanguessuga. Não duvidem que, nos esgotos das casernas, sobrevivem aqueles dispostos a reeditar um novo Para-Sar ou Riocentro, agora com cuidados para que a bomba não exploda no colo deles. Não faltam canalhas na alta hierarquia das FFAA para dar aval a esta bestialidade.

O intelectual Boaventura dos Santos, em recente artigo, deu o alerta. Daqui pra diante, a ameaça de um novo golpe será permanente.

PS: No dia de finados, ocorreram manifestações em frente aos quartéis em quase todo o país. Não difícil de inferir que, com forte presença, estavam os manifestantes da família militar: militares da ativa e da reserva e suas, esposas, pais, pensionistas, filhos, irmãos e agregados diversos. Afinal , família militar que mama unida permanece unida.