Confissões dos generais bananeiros: “-Não demos o golpe porque não quisemos.”

Em recente entrevista a um grande jornal, o número 2 do Comando Militar da nossa República Bananeira fez uma confissão em tanto. Um festival de “atos falhos”, no dizer “freudiano”.  Ao negar as intenções golpistas da caserna, atestou a existência do golpismo nas FFAA. E  reconheceu que a instituição teria sido “capturada por assuntos políticos”.

Na linguagem castrense existem expressões que são verdadeiros lugares comuns, usadas sempre que os militares desejam dissimular o seu caráter golpista. Uma delas é famosa:”quando a política entra pela porta de frente dos quartéis, a disciplina sai pelos fundos”.

Essa frase é sempre dita quando os militares são acusados de se intrometer na vida civil, no jogo político da nossa frágil democracia. Habitualmente ela tem sido atribuída ao General Góes Monteiro, golpista de primeira linha e notório por fazer cotidianamente articulações políticas e golpistas.De triste memória, foi um dos mentores do “Plano Cohen”, que dizia haver planos avançados para promover uma insurreição comunista no Brasil. Uma fake news antes que existisse esse nome, que foi o pretexto para fechar o Congresso e implantar a sanguinária ditadura do Estado Novo.

A frase de Góis Monteiro, portanto, é tão verdadeira quanto cínica. A hipocrisia é que ela é usada quando os militares bananeiros querem se esquivar da acusação de que buscam tutelar e interferir na vida civil, pelo simples fato de terem o poder das armas.

Política é o lugar do debate e da disputa democráticas de ideias. De fato, dentro do quartel a política não presta pra nada. Numa tropa não há lugar para dissenso nem negociação de pontos de vista divergentes. A eficácia das FFAA se baseia no estrito respeito à hierarquia e disciplina, no qual um manda outro obedece.Para o bem e para o mal.

Golpistas e conspiradores não traçam os seus planos dentro do quartel, mas sim nas cúpulas de comando, nas alcovas dos clubes  militares e, na atualidade , nas salas dos Think Tanks bananeiros (Institutos Sagres, Federalista, Villas-Boas).

O fato, que a cada dia fica mais claro nas investigações do “8 de janeiro”, é que os militares estavam doidinhos pra dar um golpe.  Porém foram muitos os problemas que os impediu de levar seus intuitos adiante.Um quase total isolamento internacional, apoio interno restrito à própria caserna, somado a um bando de alucinados,  vivandeiras de quartéis e alguns tresloucados do ogronegócio fechando rodovias e financiando atos. Foi pouco. E faltou mesmo o principal: a chancela do Tio Sam, ao qual são submissos. Em reportagem recente do Financial Times soubemos que os recados dados a eles foram claros e diretos. Os governantes democratas dos EUA deixaram nítido que não aceitariam um “mascote vira-lata” do Trump mantido no poder por vias golpistas.

Mesmo assim, os milicos não conseguiram controlar os seus impulsos golpistas. Tentaram criar um clima caótico que justificasse uma intervenção militar.  Espertamente, terceirizaram a linha de frente do golpe e atuaram de forma clandestina, com seus batalhões de operações especiais (os “Kids pretos”).  Conceberam uma operação tipo “Para-sar/Riocentro versão 4.0“, em que pudessem sair de mãos limpas da sujeira que estavam dispostos a patrocinar. Se cercaram de máximos cuidados. Sabiam que, em caso de fracasso, poderiam acabar como os generais bolivianos recentemente, ou pior,  como os generais argentinos em 1985.

Não funcionou. Agora tratam de limpar as pontas soltas e salvar os seus “irmãos por escolha” de  maiores punições (“irmãos por escolha” é o  título de um filme sonolento e patético que estão divulgando, uma espécie de “ninguém larga a mão de ninguém” do meio militar) . Ao mesmo tempo, ainda tentam preservar os seus espaços institucionais estratégicos (vide GSI). Sabe-se lá os recados e barganhas que estão sendo intermediados pelo submisso Ministro da Defesa.

Os milicos bananeiros-mamateiros ficarão recolhidos até que sintam que surgiu uma nova janela de oportunidade. E, principalmente, na expectativa de uma mudança de orientação do Tio Sam.

Permanece, no entanto, um perigo grave no ar: os terroristas militares. O caldo no qual  fermentou o Para-Sar e o Riocentro continua intacto. Já dissemos antes aqui neste blog: é aí que mora o perigo. Nada garante que celerados treinados para o terrorismo (os “Kids Pretos“) não resolvam se subelevar. Só nos resta torcer para que a bomba exploda no colo deles. Ou que não exploda, como a que foi colocada no aeroporto de Brasília,com intenções similares. Não sabemos até quando a incompetência deles nos salvará de uma tragédia maior. Para garantir a mamata da corporação (a intenção real por trás do que chamam de “combate ao comunismo”), esses “patriotas” serão capazes de provocar uma tragédia que roubem a vida milhares de  inocentes, de promoverem verdadeiras carnificinas. Apesar dos fracassos do passado, nunca desistiram desses planos, como prova a recente tentativa no aeroporto de Brasília.

Na maior República das Bananas do mundo, os terroristas militares seguem livres. E impunes, prontos para planejar novas insanidades.