Pizza de banana saindo

A esperança de que os militares golpistas seriam punidos vai se desfazendo, como se previa. Não teremos nossa “Argentina 1985”.  Alguns bodes expiatórios serão sacrificados, oficiais de médio escalão, mas tudo seguirá como dantes no quartel de abrantes.  Os militares bananeiros estão fazendo um recuo tático.  No geral, podem se considerar vitoriosos, apesar de terem que entregar alguns anéis.
Comandantes militares e juízes do STM capricham nos discursos legalistas que fazem parte da receita do pizzaiolo. Medidas anunciadas para “despolitizar” a caserna também são ingredientes. E uma pitada de afagos, como promessa de modernizar as FFAA, antes de levar a pizza ao forno.
Tivemos a revelação de altos oficiais se prestando ao papel de muambeiros, contrabandistas de jóias milionários presenteadas a título sabe-se lá de que. Descobre-se um orçamento secreto para gastos militares no exterior ao arrepio da lei. Mas nada disso provoca o cancelamento da pizza de banana que está assando no forno do Planalto.
Não dá pra colocar na conta do presidente eleito. Com a apatia reinante na oposição de esquerda, tanto nos partidos políticos quanto na sociedade civil organizada, não há como dar suporte a um enfrentamento maior. Se até foto de deputado sorridente ao lado de general genocida tá valendo, não há como prosseguir.
Enquanto isso, o general eleito senador, desfia um rosário de obscenidades em entrevista a um grande jornal. Um retrato real do pensamento predominante na caserna, sem o filtro da dissimulação que sai nos discursos oficiais.
Numa República bananeira, o golpismo é permanente. No dia 31 de março teremos mais um ensaio golpista. E ainda vai ter gente se dizendo surpreendida.
Desbananificar o Brasil será uma tarefa para as novas gerações. Esta já perdeu a batalha.