BANANA’S PRESS

Nas repúblicas das bananas a imprensa hegemônica sempre se presta a ser a porta-voz do pensamento das elites econômicas bananeiras.

Antes do primeiro turno, deixaram claro que o Bozo, que apoiaram de forma meio envergonhada na eleição passada, não conta mais com sua tolerância total. Bozo fez um bom trabalho sujo, mas pode oferecer riscos no futuro próximo, dada a ampla rejeição que sofre no cenário mundial. Por isso investiram até onde podiam na promoção de uma “terceira-via”. Um estratagema que não vingou, foi quase nati-morto, mas que serviu a um propósito. Se não era possível a vitória de uma alternativa das elites, que ao menos ela impedisse uma vitória consagradora de Lula no primeiro turno e o deixasse refém para a governabilidade da Presidência do país.

A tática parece ser a mesma para um segundo turno. Um editorial quase pornográfico do maior diário paulista deu o tom. Logo a seguir, dois populares diários cariocas fizeram uma dobradinha em suas capas bem ao estilo da revista semanal conhecida no meio jornalístico como “Quanto é?”.

A cereja do bolo foi a omissão pelo maior telejornal do país de um fato que jamais poderia ter sido ignorado: o ataque escandaloso das hordas fascistas ao santuário de Nossa Senhora Aparecida. Recentemente relutaram a noticiar o escândalo dos imóveis comprados com dinheiro vivo. Talvez voltem atrás, mas essa omissão diz muito e tem precedentes. Há quatro anos atrás ocorreu algo parecido, como permitir que o Bozo vomitasse a distribuição de um inexistente “kit erótico” nas escolas em uma entrevista ao vivo, sem que nenhum de seus entrevistadores o contestasse.

Parece claro que a elite, se admite uma vitória do Lula, quer que ela seja a mais sofrida possível, com o intuito de que o seu futuro governo seja limitado pelos interesses dos oligarcas brasileiros. Mas tem algo pior aí: sinaliza que a elite admite que suportaria a reeleição do Bozo. E isso é muito, muito grave para o país.

Não dá pra acreditar que a cobertura light das aberrações do Bozo pela grande imprensa seja explicada somente porque não querem desagradar alguns de seus grandes anunciantes fascistas.

Sabemos que os últimos dias da campanha serão marcados por uma tsunami de fake-news e factoides do mais baixo nível possível. Portanto, o risco de surpresas nos resultados, como aconteceu no primeiro turno, serão grandes.

Nem vou falar do folclórico personagem “as instituições estão funcionando”, que ameaça tomar o lugar da “mula sem cabeça” no bestiário nacional. Os crimes de responsabilidade ignorados nos últimos anos foram tantos que, agora, a farturade crimes eleitorais é naturalizada com similar complacência. Alexandre Moraes, surpreendentemente, é o único a ter uma postura republicana corajosa.

Embora exista uma clara consolidação dos votos, difícil de ser revertida, é bom não menosprezar os riscos.

E aí, este blog, uma voz quase solitária, supostamente paranoica e que aparentemente abraça teorias conspiratórias ocas, se sente da obrigação de manter aceso o sinal de alerta. O risco de golpe – na forma descrita em postagens anteriores, permanece. Prossigo com os argumentos.

A milicada até agora não se pronunciou sobre os resultados da sua “apuração paralela”. Obviamente, não encontraram nada que desabonasse os resultados das urnas eletrônicas.  A imprensa diz que foram proibidas pelo Bozo de se pronunciar a respeito.  Mas ainda o poderão faze-lo e, se o fizerem, será para por em dúvida os resultados. O argumento perdeu força, mas ainda pode ser usado para atiçar uma horda de fanáticos que poderá ir para as ruas protestar.

Por outro lado, o Bozo instrumentaliza o CADE para avançar na criminalização dos institutos de pesquisa.

O Bozo já sinalizou que, se perder, vai mandar para as ruas os seus cães raivosos. O que aconteceu em Aparecida do Norte nos faz pensar o que alguns milhares de boçais armados poderão fazer, algo de relegar a “invasão do Capitólio” um lugar de mera travessura infantil.

Sabemos que a canalha fardada, em êxtase com os bons resultados eleitorais obtidos, não quer largar o osso.  O discurso patriótico fervoroso é mera fantasia, auto-ilusão da caserna, pois o que eles querem mesmo é manter os seus privilégios e mamatas conquistadas no governo do Bozo. O resto é balela, inclusive uma pretensa superioridade moral que os “obrigaria” a manter uma tutela sobre o poder civil.

Os militares bananeiros sabem fazer muito bem o uso da velha guerra psicológica , as ações sujas no “psicossocial”, conforme orienta os seus manuais empoeirados. Sonham que ainda podem ganhar nas urnas mas, se der errado…

O sonho dos fardados seria reproduzir o “método Jakarta”, aplicado na Indonésia, onde colocaram as milícias para fazer o trabalho sujo. Mas também não querem ter o mesmo fim que os seus pares bolivianos recentemente: se omitiram diante do caos provocado pelos golpistas, mas que depois  deu ruim pra eles passado pouco mais de um ano. Quem sempre se alimentou da impunidade – as FFAA brasileiras – se apavora com a possibilidade de ser punido.

Por isso que esses pseudo-patriotas fardados ajudaram a criar o cenário que favorece o caos, e continuarão com esta tática. Querem aparecer como os salvadores da pátria que irão colocar ordem na bagunça preparada e fomentada por eles próprios.

Infelizmente, a oposição democrática não foi capaz de elaborar um plano de contingência pra isso. Não temos um Leonel Brizola para organizar uma nova rede da legalidade.

Não se enganem:  De um” incêndio do Reischtag” a uma “invasão do Capitólio”, vem merda por aí.

Que o acaso nos salve. Que mais uma vez a bomba que a canalha fardada está armando exploda no colo deles.