
No momento em que esta postagem é escrita, os EUA ameaçam intervir militarmente na Venezuela, com o deslocamento significativo de poderosíssima força naval para a costa atlântica da América do Sul. Como sempre, apresentam uma desculpa esfarrapada, como sempre fizeram ao longo da história. Já foi a ameaça comunista, a posse ou desenvolvimento de armas químicas ou nucleares, a presença de supostos terroristas ou conluio com narcotraficantes, esta última a falácia da vez.
Este blog tem alguns palpites:
1) a intervenção militar vai ocorrer. Não foi a troco de nada que há pouco mais de um mês a embaixada dos EUA em Caracas recomendou fortemente que os cidadãos norte-americanos deixassem o país. Se vai ser algo pontual, somente para intimidar, para assassinatos cirúrgicos ou para entregar o poder a um capacho local, não se sabe. A Venezuela é o alvo principal, mas a ameaça é um recado para nós também.Logo saberemos se estamos diante de mais uma bravata de Trump ou testemunhando o início de uma nova onda de intervenções militares ianques.
2) Não sabemos o que Putin negociou com Trump. Publicamente foi dito que nenhum país será punido pela compra de produtos russos. E que os EUA aceitam que eles incorporem territórios tomados da Ucrânia.Ótimo para o Putin. Mas o que foi negociado em troca? Teria sido o direito de cada um se impor sobre o seu quintal? OK, pode ser especulação deste blog, mas é bom ficar atento. O BRICS não é uma aliança política, mas um acordo de relações comerciais pautado pelo pragmatismo. Nem Putin ou qualquer outro líder do BRICS irá nos oferecer um apoio que vá além da simples retórica. A briga com o Tio Sam é nossa, e só nossa.
Se a via escolhida por Trump para dominar as Américas for a militar, o Brasil poderá ser um alvo futuro. Por enquanto devem prosseguir as ações de guerra híbrida. Com a já certa submissão da Bolívia, e após a vitória de um aliado no Equador, os EUA sabem que tem boas chances de terem vassalos eleitos na Colômbia e no Chile. Faltará apenas o Brasil, a maior jóia da coroa a ser conquistada. Porque é o único país da América do Sul que conta com um líder de expressão popular reconhecido nacional e internacionalmente, além de não ser submisso ao império.
Fora isso, sabem que não haverá resistência interna relevante. Se Trump não recuar, não tenham dúvidas de que a nossa elite neocolonial vai se ajoelhar e jogar a culpa de uma eventual crise no atual presidente. Vão se dobrar fácil, fácil. Aliás, já estão se envergando.
Os bancos com negócios internacionais sugeriram que os alvos da Lei Magnitsky transferissem seus ativos para salários para cooperativas de crédito, que atuam fora do sistema financeiro internacional. Ou seja, uma completa capitulação. O governador de São Paulo sugeriu dar a Trump o que ele quer, “uma vitória”. Uma submissão rastejante, quase inacreditável. Mas é esse tipo de “patriota” que as nossas academias militares formam.
Outros segmentos da elite nacional já estão prontos para ficarem de quatro, sem qualquer constrangimento. Se não impedirem o governo federal de dar subsídios para as suas exportações para a China, a turma do Agro aceitará de bom grado uma intervenção estrangeira. Pelo mesmo motivo, mantidos os subsídios e as isenções fiscais generosas, a maioria do setor industrial também não se importará.
E a maioria dos deputados e senadores se venderão facilmente na hora da xepa. Para eles bastam as emendas secretas e impositivas no bolso.
Ademais, não existe nenhuma possibilidade de resistência militar por parte das FFAA brasileiras, subordinadas que são ao Southcom (Comando Sul dos EUA). Se mantidos os treinamentos e a “cooperação técnica” que lhes dê acesso aos brinquedinhos de guerra de alta tecnologia, também não se importarão. Topam bater continência pra bandeira norte americana igual ao monstrinho que criaram em sua academia militar, sem o menor constrangimento. O patriotismo meramente retórico é a marca dessas forças que mataram mais cidadãos brasileiros do que estrangeiros ao longo de sua história.
We are your Backyard, Uncle Sam! Come on!, dirão todos eles… E ainda terão o cinismo de dizer que é em prol de uma suposta “pacificação” do país…
Sim, porque essa turma não tem qualquer projeto de nação. Com seus ganhos e privilégios garantidos e protegidos, vale tudo. Até abrir mão da independência e soberania nacional.Todos esses grupos só se importam com seus lucros ou interesses patrimonialistas.
Se não for organizada – e rapidamente – uma forte resistência popular ao domínio imperial, o futuro do nosso país estará comprometido por décadas.
