COMEÇA  A GRANDE GUERRA PATRIÓTICA

E  não é que o  jornalão paulistano colocou as quatro patas no chão? Depois de um breve surto nacionalista, com firme e ereta indignação diante do tarifaço imposto por Trump ao Brasil, a elite econômica da nossa república bananeira nos informa que vai jogar a toalha. Um novo editorial conclamou o Brasil a abandonar o BRICS. Surpresa zero. Nossa elite neocolonial rentista quer apenas sustentar os seus lucros pornográficos, mesmo que às custas de uma vida miserável para milhões de brasileiros. Perceberam que Trump não quer simplesmente rever as relações comerciais entre os países. Nunca houve qualquer intenção de negociar absolutamente nada. A diplomacia, nesse contexto, é reduzida a um mero teatro para afirmação de princípios. Importante, mas sem resultados práticos. O que Trump nos exige é submissão total, que abdiquemos da nossa soberania. E isso é inegociável.

 Por isso essa elite sugere que abandonemos o projeto do BRICS. Eles entendem perfeitamente o que, de fato, incomoda o império. Daí defendem que devemos abrir os braços – e as pernas – para o grande irmão do norte. Têm a esperança de que, dessa forma, tudo retorne à velha normalidade. Só que, com Trump, nada será como antes.

Trump acena que o fim da prossecução penal do líder de seus capachos é o único ato que poderá levá-lo a rever o tarifaço.  Falácia. Somente os ingênuos acreditam nisso. Trump nos quer de joelhos, e usa a familícia canalha como instrumento de chantagem. Porém isso é somente a ponta de um ariete para arrebentar com as nossas defesas.

O perigo não está  na subserviência da nossa elite econômica. Nem no falso patriotismo do bolzofascismo, que também infesta as instituições militares, completamente submissas ao Comando Militar Sul dos EUA e conformadas com a dependência tecnológica de outras nações.

 Não estamos mais diante de um Golpe Tabajara. Agora estamos assistindo aos primeiros passos da escalada de uma agressão estrangeira, vindo da maior potência militar do globo. E, como todo interventor estrangeiro, Trump aposta na rendição dos covardes. Sabe que sempre aparecem os candidatos à testa de ferro, vassalos traidores da pátria dispostos a colaborar com a ocupação e fazer o trabalho sujo. Não faltarão oficiais militares candidatos ao posto de “General Pétain”, dispostos a servirem capachos para uma potência estrangeira (que cinicamente chamarão de “aliada”). E uma penca de magistrados cúmplices, prontos a “matar no peito” qualquer contestação. Sem falar dos muitos deputados e senadores que se vendem por qualquer michê na hora da xepa.

Uma vez rompida a resistência, virá a plena liberdade das bigtechs, a explosão do nosso sistema PIX para a entrada das fintechs dos EUA,  a exigência de privatização total dos nossos recursos minerais estratégicos (petróleo e terras raras) e uma base militar gringa em nosso território. Sobrarão presidenciáveis com o boné MAGA para levar adiante essa vergonhosa submissão a um país estrangeiro.

O Brasil está sob ataque. Somos  a nação que mais ameaça a hegemonia dos EUA no que eles consideram o seu quintal (a América Latina). O ataque ao nosso país está apenas começando. Será uma guerra suja. O inimigo tem um poderio econômico, tecnológico, informático e militar incomparavelmente superior ao nosso. Não duvidem de mortes inesperadas e suspeitas, nem de improváveis acidentes trágicos (tipo a explosão do programa espacial brasileiro em 2003).

 O tarifaço que se anuncia, que poderá ser incrementado para 100% em breve, tem por objetivo debilitar a nossa economia (frear o crescimento e alimentar a inflação) para insuflar a insatisfação popular. É assim que Trump quer ressuscitar o bolzofascismo nas nossas eleições em 2026. Todo cuidado será pouco porque, sabidamente, nossa elite econômica é capaz de voltar a abraçar o bolzofascismo no primeiro “peteleco” que levar. Só não quer a figura do Bolzo nem de seus filhos abjetos. Por isso implora para que o seu queridinho governador de São Paulo se desvincule da criatura que o pariu.

Só nos resta uma estratégia: a guerra de guerrilhas. Não no sentido mili  tar, obviamente. Mas de resistir no campo econômico e cultural, na esfera comunicacional, com criatividade, astúcia, boicotes e sabotagens. E apostar no desgaste do inimigo dentro de suas próprias fronteiras com os seus cidadãos e empresas.

 O governo brasileiro ficará de mãos atadas, refém do lobby de uma elite econômica servil. Talvez nem seja capaz de criar uma sala de situação (ou de crise), o que seria de se esperar já que estamos sob ataque. A iniciativa dessa “guerrilha” caberá à sociedade civil. Algumas sugestões:

– Boicotar as bandeiras Visa e Mastercard, alertar que elas querem faturar em cima do nosso PIX.  Incentivar a adesão ao ELO e, assim que disponível, à bandeira UnionPay;

– Identificar grupos econômicos norte americanos que podem ser objeto de boicote em nosso país, preferencialmente os trumpistas assumidos;

– Lançar uma campanha de denúncias sobre a quantidade de fraudes e propagandas enganosas que lesam o consumidor difundidas irresponsavelmente nas redes da META, caprichando no alarmismo. É preciso destruir a credibilidade dos anúncios veiculados no Instagram e Facebook. Alertar que comprar produtos e serviços ofertados nelas é arriscado, inclusive para a privacidade dos cidadãos. Não faltam testemunhos para dar visibilidade a essas denúncias;

– Repercutir à exaustão os casos mais dramáticos de imigrantes brasileiros expulsos por Trump;

– Incentivar o uso das redes sociais alternativas;

– Radicalizar o uso do nacionalismo. Colar na testa dos bolzofascistas a pecha de traidores da pátria. Viralizar o Samba da Caprichosos de Pilares de 1986: “Brazil Com Z, Não Seremos Jamais, Ou Seremos?”

– Inundar as redes com memes tipo “Donald Trump e seus miquinhos amestrados”.

 Enfim, estas são apenas algumas propostas preliminares. A guerra já foi iniciada. Quanto mais tardar a reação, mais difícil se tornará a nossa resistência.

 Sobre a ineficácia de uma saída diplomática, além do que já foi dito acima, há um dado que não podemos ignorar. Estaremos guerreando contra um governante que, além de mau caráter, sofre de graves transtornos psíquicos. Em 2017, na Universidade de Yale, um grupo de psiquiatras criou o movimento Duty to Warn (Dever de Avisar). Publicaram o livro “The Dangerous Case of Donald Trump” em que apresentam cientificamente um diagnóstico clínico de Donald Trump: uma combinação de transtornos psíquicos que inclui um narcisismo doentio, fortes traços de sociopatia e personalidade paranóica. Ou seja, um sujeito que não sabe perder. Que tende sempre a dobrar a aposta. Só que isso pode ter repercussões muito negativas dentro dos EUA. Vale lembrar a vitória do Vietnã: a derrota dos norte-americanos começou dentro do seu próprio país. Trump tem que cair, antes que seja tarde.

 Enfim, viveremos em breve tempos difíceis, quiçá trágicos.