A inédita prisão de um general 4 estrelas – articulador de um golpe de estado, foi um sopro de esperança na república das bananas. E pela obra e graça de um ministro do STF indicado por um golpista, quem diria. Será que, finalmente, quebraremos as amarras que nos impedem de fugir do destino bananeiro? Sem dúvida, a prisão de um general estrelado foi um passo importante, além de inédito. Mas ainda é preciso ir além. Punir os empresários financiadores desta aventura insana também é vital. Mas dificilmente saberemos o que os três juízes do STF foram debater no planalto na véspera do golpe planejado. Nem teremos os golpistas da classe política devidamente responsabilizados.
Sim, há uma esperança no ar. Mas que não nos permite ser demasiado otimistas.
No momento as FFAA estão envergonhadas, na defensiva, disposta a entregar alguns anéis (não todos) para não perder os dedos. Ao que parece, os “irmãos por escolha”, vão lançar ao mar alguns de seus brothers para preservar a instituição militar. A saída que pretendem “honrosa” será atribuir a alguns CPFs a responsabilidade individual pelo plano golpista, aqueles que desafiaram a hierarquia e a disciplina, pilares da instituição militar.
Querem vender a ideia pouco crível de que a oficialidade é majoritariamente legalista, uma falácia absoluta. Nas investigações da PF foi localizada uma apresentação interna de powerpoint no qual fica claríssimo que a caserna se vê como poder tutelar, moderador, ator político e dona de uma superioridade intelectual e moral diante dos civis. Um complexo de superioridade dos narcisos fardados.
Se não fosse o “papo reto” dos emissários do governo Biden, nosso país teria vivido outra página infeliz da nossa história, essa é a verdade. Há exceções? Como sempre, existem umas poucas, mas só para confirmar a regra. E que não são convidadas para fazer comentários na Globonews et caterva.
Enquanto tudo isso se passa, o exército anuncia a construção uma cidade cenográfica do Centro de Instrução de Operações Urbanas (CIOU), para treinar militares para atuar em “sequestros, ataques terroristas, desastres naturais e protestos violentos”. A grave disfunção das FFAA de atuar na segurança pública permanece e nem é questionada.
As academias militares diplomam anualmente algumas centenas de futuros oficiais que saem com uma visão deformada de seu papel na sociedade, que é reforçada por instruções e treinamentos ao longo de suas carreiras. São os bolsonaros do amanhã. Enquanto isso não for modificado, o fantasma do golpismo sempre irá nos assombrar
Saudemos a prisão do general golpista. Porém ainda falta muito para curar essa doença verde-oliva que corrói a nossa democracia.