As repúblicas bananeiras nunca saem da quinta-série

O anúncio da nova equipe do Presidente Trump parece uma série de horror. Ou melhor, muito parecida com uma série de streaming que retrata o círculo próximo de Hitler. Um grupo que reúne gente desqualificada, muitos desequilibrados e oportunistas de toda espécie. O único traço em comum é a fidelidade canina ao líder. Terão o poder de influenciá-lo, porém jamais de contrariá-lo, mesmo diante de equívocos evidentes. Assim funciona com todo autocrata.

Enquanto isso, nossa grande mídia – porta-voz das elites neocoloniais – ainda se dedica a fazer muito barulho por nada. O xingamento da esposa do presidente ao Musk (“primeira-dama” é uma expressão infeliz) ocupou boa parte do espaço midiático nos últimos dias. Até parece que a política externa dos EUA vai mudar alguma coisa por conta das falas da Janja. Quem sabe se, num próximo evento público, a Janja faça uma tréplica e diga que o Musk terá que se entender com o Mário…o jornalismo brazuca terá orgasmos múltiplos. Talvez nossos jornalões até se animem a abrir mais espaço para o ex-presidente sabotador da democracia “defender” a democracia…

O que deveria ser, no máximo, uma preocupação da diplomacia de “punhos de renda”, ganhou um destaque imbecil. Isso porque os debates no Brasil continuam na quinta série. Nossa elite neocolonial se escandaliza com coisas irrelevantes porque é resignada com o fato de que, para os EUA, nós somos o seu quintal e nada vai mudar essa visão. Nenhum esperneio, nenhum xingamento muda esse fato. Musk vai continuar bancando um golpe por aqui, e Trump idem.

O Musk replicou dizendo que “- vocês vão perder a próxima eleição”. É o mesmo que disse em 2019, após o golpe na Bolívia:“- Vamos dar golpe em quem quisermos. Lide com isso”. A resistência do Alexandre de Moraes foi uma surpresa para o Musk, que jamais imaginava que alguém no seu quintal iria tão longe. Recuou por pressão dos acionistas. Mas não desistiu de patrocinar um golpe.

A ofensiva agora virá bem mais forte e organizada.

Para a nossa gigantesca república bananeira o cenário é o pior possível. Uma Doutrina Monroe 4.0 está reservada para nós. O campo democrático no Brasil tem cerca de dois meses para montar suas barricadas. Serão dois anos de guerra contra a ofensiva do Tio Sam. Todos os governos não vassalos da América do Sul e Central serão objeto de desestabilização. Com a ajuda de um vizinho importante atuando como um medíocre fantoche à serviço dos EUA

Como lembramos em outra postagem, a participação de uma brasileira sendo servida pelo Trump num fast-food não foi gratuita. Não era um recado para o eleitorado norte-americano. Era pra nós. E ele tem muitos aliados por aqui.

A punição para os golpistas que tramaram o 8 de janeiro não pode tardar mais. A regulação das redes sociais deve ser tratada como prioridade. Qualquer projeto de anistia deve definitivamente enterrado. Urge estreitar os laços com os concorrentes chinês do Musk.

Uma tempestade avassaladora está se formando. Temos que garantir, minimamente, a sobrevivência da resistência democrática ao furacão que se avizinha.