De acordo com a EMBRAPA, existem muitas pragas que podem causar estragos imensos nas plantações de Banana: Sigatoka-negra, Sigatoka-amarela, Mal-do-Panamá, Murcha bacteriana, Moleque-da-bananeira e a Falsa-broca-da-bananeira.
A nossa república bananeira também sofre com pragas. Nesse momento, a praga “molecagem-da-familícia-Bolzo” está a nos contaminar e coloca em risco o futuro do país.
Tão grave e danosa é esta praga que até mesmo as nossas elites neocoloniais se indignaram. Através dos editoriais de seus jornalões bradaram as seguintes ideias, que resumimos numa livre interpretação-síntese do conteúdo dos editoriais:
“Submissão sim (deixemos o BRICS, vá lá) mas prejuízos econômicos só pra salvar um imbecil não admitimos”. “Ok, ele nos foi útil num passado recente, mas já o descartamos porque, sendo o idiota que é, hoje nos traz mais problemas que oportunidades”. “Já o Lula tem que deixar esse discurso ideológico de soberania, se ajoelhar e negociar para que não soframos maiores prejuízos”. “Somos colônia mesmo, e daí? Podemos continuar a ser felizes assim, com nossos lucros em alta e a desigualdade social que sempre nos assolou. Queremos voltar ao nosso histórico normal!”
Em busca de uma solução eleitoral anti-Lula, os editoriais exortaram os governadores que são pré-candidatos à presidência a abandonar o bolzofascismo. Mas os governadores relutam. E não é sem razão. Sabem que o legado de votos da familícia – ao menos 1/3 do eleitorado – assegura uma vaga no segundo turno e/ou uma cadeira no Senado.
Em recente evento de um badalado banco de investimentos, estes mesmos governadores presidenciáveis, sob aplausos fartos, afinaram o discurso, afirmando que a culpa do tarifaço é por conta das escolhas “ideológicas” do atual governo. Curiosamente, esse mesmo banco de investimentos faturou muitos milhões nas estranhas movimentações do mercado de dólar nas horas que se seguiram ao anúncio do tarifaço. Sem ideologia, claro…
Os jornalões também começaram a destacar as concessões feitas pelos países tarifados por Trump: Vietnã, Filipinas, Indonésia, Japão e a União Europeia. O subtexto é: “ora, se eles tiveram que se ajoelhar, porque nós não faremos o mesmo?”. Nessa lógica subalterna teríamos que ceder em busca de um acordo “menos pior”.
O problema é que, no nosso caso, o que Trump busca não é somente vantagem comercial. Ele quer submissão geopolítica total. Pode até ser que ele aceite negociar pontualmente algumas tarifas. Mas vai manter a espada de Dâmocles sobre as nossas cabeças. Não há nenhuma indicação de que o diabo laranja vai aceitar que seja lançado ao mar o seu lambe-botas mor. Deverá intensificar as represálias contra magistrados e outras autoridades brasileiras. Vai dobrar a aposta. E vai manter as ações de desestabilização da nossa economia de forma a tumultuar cenário eleitoral em benefício de seus fiéis vassalos (que, no íntimo, deve desprezar).
Conforme o andar da carruagem, a intolerância da elite com a familícia logo vai arrefecer.
Os deputados do centrão, por enquanto, observam a evolução do embate, se preservando. Não querem se precipitar e se arriscar a “abraçar um afogado”. A única que coisa importante para eles são os bilhões do orçamento para manusear livremente em beneficio de seus clãs e redutos eleitorais. Para onde a elite neocolonial for, eles irão.
Por fim, discretamente, nestes mesmos dias os militares mandaram os seus recadinhos. Nas entrelinhas deixaram claro que serão sempre fiéis ao Comando Militar Sul dos EUA, ao qual sempre foram ideológica e intelectualmente subordinados. Em seu patriotismo reverso (submisso à outra pátria) estão esperançosos de que o apoio que não veio ao golpe de 8 de janeiro de 2023 poderá vir numa oportunidade próxima, com o apoio do Diabo Laranja. Eles ainda são os mesmos golpistas, bolzofascistas em sua maioria.
Curiosamente, o ogronegócio, o setor econômico mais bolzofascista de todos, é o que enfrenta o maior dilema. O silêncio da China, o seu principal comprador, os incomoda. Em poucos anos poderão perder o seu maior cliente. Os chineses poderão investir na infraestrutura de agronegócio em países africanos em busca de alternativas (já há movimentos nesse sentido).
A realidade é uma só: Trump declarou guerra contra o Brasil. Nosso problema é que, militarmente, não temos como enfrentá-lo. Não só por não termos um arsenal bélico e tecnológico próprio. Mas porque temos forças armadas submissas e uma elite econômica subserviente.
Não temos grandes armas. Só a capacidade de sabotar e boicotar os agentes econômicos deles e de seus vassalos. E isso não é de responsabilidade dos partidos governantes, reféns de inúmeros condicionantes. Essa tarefa cabe à sociedade.
Será preciso disseminar um amplo, profundo e contundente sentimento anti-imperialista (ou melhor, anti-EUA, personificado no Trump) na sociedade brasileira.
Por hora, é a nossa única arma.