A retirada do ar “X” de Elon Musk no Brasil foi a grande polêmica das últimas semanas. O “Xandão”, mais uma vez, demonstrou coragem em contrariar interesses poderosos. Enquanto os neofascistas urraram de raiva, outros saudaram o ato como uma demonstração de que não seríamos uma república das bananas. Ledo engano.
Musk acatou decisões similares em inúmeros outros países sem reclamar. Por que esperneou tanto no Brasil? Simples: ele nos vê exatamente como somos, uma república bananeira. Xandão é uma rara – e, no momento, salvadora – exceção.
Subitamente, descobrimos que parte substancial de nosso sistema de defesa é dependente da Starlink, ou seja, do Musk. Com tal descaso com a soberania tecnológica por parte da nossa milicada, Musk raciocinou corretamente. Compreendeu, com razão, a essência bananeira da nossa república. Não esperava uma reação não submissa. Até porque tem como advogado no Brasil o filho do Comandante do Exército. Por isso dobrou a aposta, coisa que não fez em situações similares em outros países.
Isso não ocorre à toa. A formação dos nossos militares é completamente anacrônica. Um portal de notícias independente divulgou recentemente o conteúdo de trabalhos acadêmicos de futuros comandantes. E o retrato foi deprimente. Defesa do golpismo, teorias conspiratórias, fake news tratadas como fatos, referências a teses anacrônicas dos tempos da guerra fria. Nossa milicada se contenta em ser um mero apêndice do Comando Sul do Tio Sam. Indignações ficam reservadas para quem ameaça seus privilégios previdenciários.
Por isso nossas bananeiras não param de frutificar.
A derrota do Bozo nos deu um tempo para respirar, mas o neofascismo avança. Na maior cidade do país, duas chapas neofascistas disputam a eleição com o apoio descarado da elite quatrocentona. Seus jornalões normalizam um “coach” pra lá de pilantra e divulgam falsas acusações contra a única chapa capaz de derrotá-los. Como sabemos, esses órgãos de imprensa tem know-how na fabricação de falsos dossiês incriminatórios. Essa elite não se importa com o futuro da cidade ou do país. Típica elite da república bananeira. Nem o céu e o ar poluído os fazem refletir o quão desastroso é o seu proceder. Para eles basta uma polícia truculenta para cercar os pobres e a garantia de oportunidades para multiplicar os seus lucros.
A normalização do “coach” pilantra é o maior exemplo. Sequer precisava estar nos debates, pois seu partido não tem representação parlamentar. Ele fala as maiores abominações impunemente. Nem Trump contou com tamanha condescendência, pois foi desmentido várias vezes em tempo real pelo mediador no debate com Kamala.
No resto do país, o cenário das eleições municipais não é nada animador. O fascismo ameaça tomar até mesmo algumas capitais importantes do nordeste.
Enquanto isso, nossa esquerda no poder, porém quase impotente, se anima com uma virada dos democratas, com a possibilidade de vitória da Kamala Harris sobre Trump. Lula, desnecessariamente, externou sua preferência por Kamala. O republicano não esquecerá disso se ganhar. Se o neofascismo vencer nos EUA, os próximos dois anos serão ainda mais difíceis por aqui.