Com ou sem Trump, um novo golpe ainda nos ameaça

Atenção: postagem escrita antes da catástrofe climática que atingiu o sul do nosso país.

Na postagem anterior dissemos que uma provável eleição de Trump dará um novo ânimo ao golpismo na nossa república bananeira. Aliás, os neofascistas brazucas estão apostando todas as suas fichas nessa via. Com a desmoralização temporária dos militares que, de trapalhada em trapalhada, perderam temporariamente o seu protagonismo para afiançar um golpe, os golpistas civis arregaçaram as mangas e foram em busca do apoio internacional que lhes faltou. Para isso, contam com uma rede articulada de líderes e grupos de extrema-direita espalhados pelo mundo.
Buscam um apoio que não tiveram para violentar os resultados das últimas eleições presidenciais. Pelo contrário, a quartelada recebeu uma mensagem explícita de veto do Departamento de Estado dos EUA . E esse foi o fator decisivo para desarticular o golpe. A tal ponto que Biden chegou a cobrar de Lula demonstrações de gratidão por essa ajuda, na forma de alinhamento a posições norte-americanas no plano multilateral.
Mês passado o Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes dos EUA,  controlado pelo Partido Republicano, divulgou o relatório  “O ataque à liberdade de expressão no exterior e o silêncio do governo Biden: o caso do Brasil”. Em suma, em plena sintonia com os ataques recentes do bilionário trumpista Elon Musk ao STF. No momento, o relatório é uma peça inócua, que faz muito barulho por nada, a não ser servir de apito de cachorro para uma matilha raivosa. Porém, no caso de uma eleição do Trump, poderemos ter ração de sobra para alimentar as bestas golpistas.
Isso não quer dizer que uma vitória dos democratas vá melhorar o cenário para a democracia brasileira. Com a ameaça trumpista afastada por quatro anos, a desestabilização do elo mais fraco do BRICS poderá ganhar um novo impulso. O que está em jogo é a resistência do Império diante das ameaças à sua hegemonia. E um projeto de nação soberana num país gigante como o Brasil será, mais cedo ou mais tarde, sabotado.
As tempestades estão anunciadas. Resta saber se virão na forma de fortes tormentas tropicais ou de furacões catastróficos.Tempos difíceis virão, em qualquer caso. Se alguém tem alguma dúvida, sugerimos a leitura do recente relatório do Centro de Estudios Geopolíticos Multidisciplinarios-CEGM: América Latina en el ojo de la tormenta – La posible victoria de Estados Unidos y la recolonización de América Latina (Plan Simón Bolívar). Tio Sam segue de olho no controle daquilo que ele acha que é o seu quintal.
O que resta ao Brasil, então? Nossas lideranças políticas devem usar da sabedoria de Maquiavel, atuando com virtú diante do contexto que a fortuna nos oferece ou não. E isso nunca é fácil. Os dados estão sempre rolando nesse jogo da política. As regras limitam as chances de vitória. Porém sempre existe a possibilidade de obter alguns ganhos ou minimizar as perdas.
A milicada bananeira observa a janela de oportunidade para voltar à cena. Cinicamente, lutam para vincular o orçamento de defesa a um percentual mínimo de 2% do PIB. Um de seus líderes ditos “legalistas”, no afã de defender a bufunfa pra caserna, 85% destinada  ao custeio de pessoal, demonstrou a mediocridade castrense. Afirmou que as FFAA fazem mais entregas que as universidades. E soltou a seguinte pérola: “Grama cortada, quartel limpo, arrumado. Vamos entrar em uma universidade qualquer para ver como está, em termos de manutenção, e ver quanto se gasta para manter um quartel e quanto se gasta para manter uma universidade.” É a esse tipo de pensamento que a nossa defesa territorial está sujeita…
Triste sina de República das Bananas!
O Comandante da Marinha se refere à “Revolta da Chibata” como ato de delinquentes; crescem as articulações para uma anistia aos golpistas da intentona do 8 de janeiro de 2023; de forma articulada, a mídia hegemônica propugna por um “bolsonarismo moderado”. Enquanto isso, uma bancada de deputados golpistas viajam para pedir ao Congresso dos EUA sanções econômicas contra o Brasil. Em resumo: a elite econômica brasileira, sem qualquer projeto de nação, depois de tudo que passamos, reafirma a sua bananice. Temos um imenso passado pela frente, como disse o saudoso humorista.
A catástrofe climática que atingiu o RS está retratando como nunca o DNA bananeiro das nossas elites, agora turbinada pela produção industrial de fake news.  Mas isso é assunto para a próxima postagem.